13.8.07

a cor dos humanos

sobretudo o azul claro e profundo dos olhos do 'pide' da rda, na cena final do filme "a vida dos outros". personagem com a qual, a espectadora que eu fui, acabou totalmente "identificada" - por que outras palavras nomear o sentimento de absoluta empatia que (a estratégia narrativa e discursiva d)o filme consegue ir desenvolvendo, nos espectadores, até à sua rendição final, no espelho 'bom' dos olhos do 'mau'? a força da vida será suficiente para regenerar, ou, no caso, talvez 'acordar', o que está morto ou nunca nasceu? em não sei que diga, blog hoje descoberto quando procurava ajuda para repensar o filme de ontem, encontrei a expressão portuguesa "tudo e mais alguma coisa" aplicada à personagem do pide/stasi. escreve o seu autor: na ânsia de "saber tudo", ele depara-se, inesperadamente, com "mais alguma coisa", ficando de tal forma abalado interiormente que, a partir daí, já não é mais o mesmo, ainda que, formalmente, continue a realizar os mesmo actos, mas com um sentido diametralmente oposto.". sim, de acordo, mas talvez o "mais alguma coisa" seja ainda "mais alguma coisa", talvez faça outras personagens fazerem mais sentido, todo o filme e até os próprios espectadores. acho que posso agora nomear o sentimento com que ontem à noite saí do filme: sentia tudo e mais alguma coisa. coisa que por estar a mais (do tudo) eu, ao contrário do pide/stasi, não tenho habitualmente acesso directo.