27.8.09

verão 2009

- ah... é o seu marido?
- não, não, é de uma amiga minha.

e agora como fazer-te voar aos 75?


soubemos o nome do desporto - kite surfing; soubemos o nome da escola onde ele é ensinado no vietnam - jibe's; mas ficámos sem saber o que era mais importante - o nome do nosso amável e bonito compatriota lá instrutor e cá explicador.

transformações

gosto quando ao fim de muito trabalhada pelo sol da praia e pelo sal do mar, a minha pele ganha, ao mesmo tempo, a macieza acinzentada das pedras a que me encosto e a aspereza poeirenta das rochas a cuja sombra me abrigo.

amathya sen: rethinking justice

só há uma flauta. três meninos a querem. todos apresentam argumentos (de peso):
1. fui eu próprio que a construí
2. eu sou o único que sei tocar flauta
3. ao contrário de vocês, eu não tenho mais nenhum brinquedo
perante estas três versões concorrentes da justiça a qual das crianças será justo entregar a flauta?

haverá alguém

que tenha uma explicação plausível para o facto de nas "praias de nudistas" (quase) só haver velhos?
que conheça as razões por que a média de idade dos "nudistas" tem vindo sempre a aumentar?
que consiga prever o futuro do "nudismo" se não for rapidamente feita a muito urgente renovação geracional?

25.8.09

centro cultural

mal ele entrou levantou-se logo a eterna questão - chinês ou japonês?
eu contribui para o debate argumentando, como fazia em macau, quando a minha filha mais pequena ainda era pequena e se interessava em distinguir visualmente uma nacionalidade da outra: sem chapéu é chinês, com chapéu é japonês.
ele não tinha chapéu mas, de longe, como o estávamos a ver, parecia-me ter uma postura corporal pouco solta para "ser chinês".
para podermos decidir em consciência qual era a origem nacional (étnica?) do terceiro membro da assistência (na altura ainda constituída apenas por 2+1) decidimos mudar do extremo sul do pátio, onde nos tínhamos sentado, para 0 extremo norte onde ele se tinha sentado.
mal nos aproximámos da criatura, eu pelo menos, de sorriso aberto para ela pronta a meter conversa, ela levanta-se automática e decidida para se ir sentar exactamente no canto do qual tínhamos saído.
frustados pela rejeição mas aliviados pela confirmação - não havia dúvida que era um japonês - preparámo-nos então para assistir à sessão de fado electrónico ao lado da "minha bela senhora" algarvia e por trás dos pés fantásticos de um bailarino russo.

retiro da trindade

hesitávamos entre duas mesas quando um jovem conterrâneo, talvez tomando por louro o meu cabelo branco, nos aconselha em bom português: that one is very hot...here, it's fresher!

pouco convencida retorqui distraída: mas esta aqui não é mais hot ainda?

ele insiste: no, aqui é fresher.

já estávamos a dividir a chanfana quando, mochila às costas, a caminho do camping, ele passou pela nossa mesa (não sei já which one) despedindo-se amável: adeus, tenham um nice day!

camilo

"colo? não... a mãe não tinha vagar e o pai não tinha paciência."

24.8.09

inesperado presente a meio de uma tarde de trabalho

35 anos, 35 fotos - JN

obrigada muito xg!

la "petite" différence

só agora li isto, do MVA aqui, por isso só agora chamo a atenção dos ainda mais distraídos do que eu para...

Para quem ainda acha que "é tudo a mesma coisa", gostava que me dissessem que teria o PSD feito - e que faria Manuela Ferreira Leite se ganhasse - em relação a questões de género como a IVG, a paridade, a violência doméstica, ou o divórcio, entre outras? E que teria o PSD feito - ou o que faria Manuela Ferreira Leite se ganhasse - com a CIG, que nos últimos anos articulou uma verdadeira política de género, mais chegada às pessoas e aos locais e mais inclusiva de outras categorias de discriminação que cruzam com o género? A política de género é justamente um dos "lugares" onde se faz a diferença - a diferença do combate à discriminação e pela igualdade. E a diferença entre direita e esquerda.

23.8.09

Si Dios fuera una mujer

¿Y si Dios fuera mujer?

pregunta Juan sin inmutarse,
vaya, vaya si Dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos
no dijéramos no con la cabeza
y dijéramos sí con las entrañas.

Tal vez nos acercáramos a su divina desnudez
para besar sus pies no de bronce,
su pubis no de piedra,
sus pechos no de mármol,
sus labios no de yeso.

Si Dios fuera mujer la abrazaríamos
para arrancarla de su lontananza
y no habría que jurar
hasta que la muerte nos separe
ya que sería inmortal por antonomasia
y en vez de transmitirnos SIDA o pánico
nos contagiaría su inmortalidad.

Si Dios fuera mujer no se instalaría
lejana en el reino de los cielos,
sino que nos aguardaría en el zaguán del infierno,
con sus brazos no cerrados,
su rosa no de plástico
y su amor no de ángeles.

Ay Dios mío, Dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería,
qué venturosa, espléndida, imposible,
prodigiosa blasfemia.


do MB para a AP da GV

defender la alegría

defender la alegría como una trinchera

defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias
y las definitivas

defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias
y los graves diagnósticos

defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias

defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres

defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña
de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo
de los proxenetas de la risa

defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar
y también de la alegría.

mario benedetti


obrigada fg por me teres apresentado o MB