17.7.08

os tigrinhos

para o teco-teco poder praticar em casa

shoewars

nada fazia prever, ontem à noite, entre o champagne e a cerveja, que na parte traseira das aristocráticas sandálias beiges estivesse anunciado em letras grandes e coloridas
CHEERGO
To go one's war
Dakar 2000
mas é exactamente o que revela a claridade da manhã e de espírito.

16.7.08

o círculo fecha-se.
do campogrande ao jardimdaestrela vai o passo de um anão.
ou talvez não.

online cloud

13.7.08

amigos para sempre

entre todos os meus amigos só um tem o atrevimento de me contar "coisas más" que outros amigos comuns lhe dizem a meu respeito. contra todas as suas expectativas, creio, fico absolutamente furiosa com ele e não com os amigos em questão. na verdade, desde que eu não saiba, é-me completamente indiferente que alguém diga-mal-de-mim-nas-minhas-costas (para isso é que nós temos dois lados creio, um para ver outro para não ver).

de resto parece-me a coisa mais natural do mundo os amigos dizerem mal uns dos outros uns aos outros - a quem de resto haveriam eles de o dizer? para mim a máxima deve ser a de que "amigos amigos defeitos à parte". se não fossem os nossos verdadeiros amigos quem teria pachorra e obrigação de aturar os nossos defeitos? os conhecidos não teriam de certeza e os inimigos muito menos... quem senão um amigo tem a amizade suficiente para aturar o amigo chato, o amigos crava, o amigo infeliz, o amigo malcriado, o amigo pouco inteligente, o amigo vaidoso, o amigo embirrento, o amigo de direita (quando não mesmo o de esquerda, festiva ou ortodoxa)?

não me custa nada a acreditar que os meus amigos digam "mal de mim" nem que o digam aos nossos amigos comuns pois só esses, que se conhecem e me conhecem, entendem, se interessam e são afectados pelas minhas malfeitorias. pela minha experiência própria, sei que o mal que se diz (digo) dos amigos tem um prazo de validade muito curto - é para comer na altura, e é de natureza mais projectiva do que representativa - o que me aborrece neles costuma ser aquilo de que menos gosto em mim.

do que não tenho experiência própria (e talvez por isso não perceba o amigo em causa) é da prática de ir contar ao mal-dito o mal que alguém me disse dele. e julgo que não quero vir a ter pois me parece que se, em qualquer grupo de amigos, vários fizessem o que este amigo (me) faz (não o que disse mal mas o que me contou o mal dito), em menos tempo do que o diabo esfrega um olho termo-nos-íamos todos perdido uns aos outros. como amigos.

le style c'est soi

detecto uma mudanca de estilo: dos posts-jóias (minuciosa e vagarosamente trabalhados) para os posts-vómitos (despejados de sopetão).
será por falta de tempo? pelo gosto da mudança? hesito. mas estou mais inclinada para encontrar uma explicação no uso do iphone como suporte da escrita: a sua tecnologia permitir escrever literalmente em cima do sentimento.
tenho pena, no entanto, porque tendo a gostar mais de ler o efeito de distância do que o efeito de proximidade. mas acho divertida a constatação da influência, determinante, dos instrumentos e dos materiais na forma das formas, e por essa via, nos conteúdos, produzidos.

insustentável leveza

desde que encetei a transcrição matinal dos sonhos nocturnos fico bastante frustrada quando ao acordar constato a ausência (ou o esquecimento) da actividade onírica. é que nunca como agora estive tão disponível para sonhar e tão entusiasmada para os guardar-trabalhar.
foi de resto quando deixei de ter medo de sonhar que deixei de ter insónias. agora vou todas as noites a correr para a cama excitada pela ideia de me pôr a jeito para o aparecimento dos sonhos. as noites passaram então a ser parecidas com os dias: no escuro morro-durmo para escrever o que sonhei, com a claridade acordo-vivo para escrever o que vivi.
nos dois casos, o mundo vai-me passando ao lado - o irão, as crises, externas e internas, o pacheco pereira, tudo vejo sinto ao longe, um pouco desfocado, até mesmo o medo de que a força centrífuga da realidade do real, o peso concreto da sua materialidade, me arraste para dentro da brutalidade do turbilhão.

sic

"esta és tu que eu adoro"