31.1.09

nem nozes nem dentes

não sei como lidar com a situação de ter "amigas" das quais, não sendo amiga, não quero ser amiga mas que, por razões para mim incompreensíveis, são muito minhas amigas assim me forçando a ser amiga delas. deve ser um problema meu pelo menos nunca ouvi ninguém queixar-se dele.

D. Carlos I

a cavidade da cave recolhia-nos no fundo do mundo. a largura da avenida, o molhado da noite, a cortina da árvore, a luz amarela da rua, reduziam o prédio da frente a um azul brilhante no vidro da janela. a mesa estreita e as cadeiras direitas facilitavam o irrecusável face a face; a incompreensível mistura das vozes das pessoas, que enchiam o café, era uma parede que nos encerrava no espaço da nossa própria conversa. acabou por ser só das nossas palavras que vinha a claridade especial com que nos víamos a nós e aos ajuizados fantasmas que tinham acedido à nossa convocação tardia.
P.S. não tenho a certeza se o encontro foi ontem, enquanto era, ou se é hoje ao pensar como foi.

29.1.09

Put it in a drawer. One day you may need it.

vinha a pensar no título do post que melhor representasse o meu estado de espírito esta manhã, depois de ouvir as notícias na telefonia (hesitando entre "a tranquila marcha para o caos" e "a lenta caminhada para o caos" pois não queria usar dois adjectivos) quando, ao passar os olhos pelos jornais, encontro este manual de sobrevivência para os urbanitas que sobreviverem ao apocalipse.

28.1.09

a consolação da filosofia

When she finished her lay, its soothing tones left me spellbound with my ears alert in my eagerness to listen. So a while afterwards I said, 'Greatest comforter of weary minds, how have you cheered me with your deep thoughts and sweet singing too! No more shall I doubt my power to meet the blows of Fortune. So far am I from terror at the remedies which you did lately tell me were sharper, that I am longing to hear them, and eagerly I beg you for them.'
Then said she,'I knew it when you laid hold upon my words in silent attention, and I was waiting for that frame of mind in you, or more truly, I brought it about in you. They that remain are indeed bitter to the tongue, but sweet to the inner man. But as you say you are eager to hear, how ardently you would be burning, if you knew whither I am attempting to lead you! '
Whither is that? ' I asked.
'To the true happiness, of which your soul too dreams; but your sight is taken up in imaginary views thereof, so that you cannot look upon itself.'

27.1.09

que "pena" vale quando vale a pena?

ontem, perguntada sobre blogs cuja leitura eu acho valer mesmo a "pena" ler, não me lembrei de quase nenhuns e, sobretudo, esqueci-me deste.
a mesma branca quando a questão virou para restaurantes de comida chinesa onde valesse realmente a "pena" ir jantar: não me lembrei do da pascoal de melo (blessing in disguise pois também não me lembrava que estávamos no primeiro dia do ano novo).
fomos então ao mar de nuvens (云海) onde não enrolámos, mas comemos, jiaozi (饺子) após o que comemos, depois de enrolar, beijing kaoya (北京烤鸭). e lichias para terminar.
o único empregado, um plácido homem de meia-idade sorridente, sempre que trazia um prato para a mesa, comentava, entre a ironia e a cumplicidade, que não era "verdadeiro" pois nada tinha a ver com o que se comia na china sob o mesmo nome.
e tinha razão naturalmente.
no entanto, achei que o jantar tinha claramente valido a "pena". por muitas razões entre as quais vale a "pena" sublinhar o facto de eu ter ficado a dever aos amigos, com quem inesperadamente celebrei o ano do búfalo, um verdadeiro cozido mongol na praça do chile. que tenho a certeza vale toda a "pena" eles experimentarem.

casamento por morte

"(...) vim solteiro e vou solteiro
vou livre de coração.
se alguém me quiser prender
já não vou dizer que não (...)"