12.8.07

comunicação

durante a sua prédica dominical, o jmv referiu como certos casais desavindos não se reconhecem nos insultos mutuamente trocados quando confrontados com o vídeo da sessão de terapia conjugal. o que me remeteu de imediato para uns amigos que, pelo menos durante um período da sua vida, todos os dias gravavam o seu dia a dia de modo a poderem, à noite, ouvir e ver o dia. mal se levantavam punham o gravador a funcionar em local estratégico da sua mini casa. passado pouco tempo já nem se lembravam da sua existência aí começando o que achavam ser o acesso à realidade. à noite, deitada a criança, deleitavam-se a ouvir a gravação. entre as razões apresentadas para a prática deste exercício, recordo o facto de se sentirem sós no local ‘remoto’ onde vivem. dos seus efeitos práticos e teóricos, lembro-me do seu espanto pela futilidade das brigas e pela irrelevância das conversas. isto é, pela descoberta da humana característica de falar sem (ser para) dizer nada.