13.8.07

artdéco

mal entrei na exposição de arte déco, no palácio olga cadaval, em sintra, caí sem apelo nem agravo no 2º andar esquerdo, do prédio número 25 da rua quirino da fonseca (ex alves torgo), 'ao chile' em lisboa: o mesmo vago enjoo, a mesma pequena aflição, uma mistura de culpa, vergonha e embaraço, o mal-estar indefinido mas generalizado que sempre senti naquela casa. a infância é para os adultos uma espécie de doença crónica. nunca se veem verdadeiramente livres dela. permanece latente, dentro de nós e, embora a possamos ter mais ou menos controlada, estamos sempre sujeitos a recaídas súbitas. como a que hoje sofri ao confrontar-me com as peças de mobiliário: a geometria, o polimento, o brilho, os diferentes castanhos, os redondos e os oblíquos; mas também o ferro forjado e o vidro colorido e trabalhado, iluminado. numa palavra o 'déco' de tudo o que na infância não imaginava vir a suportar, em adulta, como 'arte'.