4 years ago
12.6.10
11.6.10
the latest (and, I hope, also the most emailed...)
estão a chegar as tábuas com que vai ser construída a nova escada para a praia*. escada que segundo um dos operários da câmara, "no fim do mês que vem ou talvez antes", estará acabada.
*agora temos como que um grande escorrega natural, cavado na falésia, através do qual podemos deslizar, de rabo, mesmo cá de cima e aterrar lá em baixo na areia - uma descida suave e divertida até porque nos deixa completamente amarelos
*agora temos como que um grande escorrega natural, cavado na falésia, através do qual podemos deslizar, de rabo, mesmo cá de cima e aterrar lá em baixo na areia - uma descida suave e divertida até porque nos deixa completamente amarelos
10.6.10
agora no bom tempo
é que convém a gente lembrar-se, talvez mais do que na chuva, que o jean qui rit est também o jean qui pleure.
il gattopardo
entre
a belíssima leveza das cortinas soltas de delicada transparência, o seu suave
movimento - ao ritmo do qual entra e sai, com a brisa tão do sul, a respiração
da morte de uma época, isto é, o olhar nostálgico do homem que a/se percebe no seu
moribundo esplendor - e a pesada imobilidade das cortinas, cortinas que sendo as mesmas já são outras outras, de textura opaca, escuridão de veludo da cor do sangue velho, bem amarradas
à parede - que encerra a época, e o olhar que a olha, na casa - se passa este filme, polémico pelas mesmas razões do anterior (sempre
a tensão entre a estética e a política na origem da polemia) que vi, pela primeira vez, com uns olhos
esbugalhados onde ainda hoje dançam soltas as cortinas.
uma casa portuguesa
sei lá se dos anos 50. era uma casa-casa. e num tipo de casa assim é natural que se jantasse como se jantou, um verdadeiro jantar, apetecia -me dizer também à portuguesa, ou aos anos 60. admirável a companhia. como só numa casa "nossa" (e não é que me volta a apetecer dizer portuguesa?), as pessoas sabem fazer-se companhia umas às outras, sem esforço nem afectação, e divertir-se no melhor e mais nobre sentido da palavra.
o que sei - e realmente adorei - foi os donos desta casa, onde encontrei e de certo modo reaprendi a tradição do receber à portuguesa (dois irmãos que poderiam ser meus filhos - só não são porque calhou saírem da barriga de outra mão) serem eles a nova geração.
obrigada mariana e francisco!
o que sei - e realmente adorei - foi os donos desta casa, onde encontrei e de certo modo reaprendi a tradição do receber à portuguesa (dois irmãos que poderiam ser meus filhos - só não são porque calhou saírem da barriga de outra mão) serem eles a nova geração.
obrigada mariana e francisco!
8.6.10
comandante e comandada
o comandante de quartel de bombeiros é desenhador nas horas vagas. a sua empresa tem escritório onde trabalha a mulher radiante com esperteza e lucros do marido. quando manifesto opinião contrária sou por eles trucidada. saio então do carro e pergunto o que hei de fazer e a quem recorrer; pergunto a toda a gente o que hei de fazer na questão com o comandante e até sugiro falar com o avô tropa, que, por ser tropa, lhe há-de agradar a ele comandante e desenhador.
em casa há 26 crianças que todos os dias tomam banho e se arranjam para o jantar. mas só há uma criada para tantas auroras. vejo um cobertor no chão, todo sujo, que conheço ser de enrolar e ter sido morada de ratos - dai as caganitas. digo que é melhor lavá-lo pois os ratos são venenosos e espanta-me que a criada concorde sabendo eu ter sido ela quem, noutro tempo e local, deixou a minha bela manta indiana chegar àquele estado.
na casa o perigo é o fogo pois os fogões da cozinha estão todos espalhados pelos corredores - onde correm as crianças - ou encostados às portas dos quartos vedando a circulação pela casa, nomeadamente a entrada para meu quarto.
é uma casa grande e complexa onde outras vidas se passam - mulheres bem vestidas e alguém, que não sei se é homem ou mulher, dizem, riem imenso ao ver as nódoas que crivam a minha a saia. ainda me tento defender mas depois desisto. olho o meu braço escanzelado com espanto e susto. que bom, magreza. que horror, doença.
em casa há 26 crianças que todos os dias tomam banho e se arranjam para o jantar. mas só há uma criada para tantas auroras. vejo um cobertor no chão, todo sujo, que conheço ser de enrolar e ter sido morada de ratos - dai as caganitas. digo que é melhor lavá-lo pois os ratos são venenosos e espanta-me que a criada concorde sabendo eu ter sido ela quem, noutro tempo e local, deixou a minha bela manta indiana chegar àquele estado.
na casa o perigo é o fogo pois os fogões da cozinha estão todos espalhados pelos corredores - onde correm as crianças - ou encostados às portas dos quartos vedando a circulação pela casa, nomeadamente a entrada para meu quarto.
é uma casa grande e complexa onde outras vidas se passam - mulheres bem vestidas e alguém, que não sei se é homem ou mulher, dizem, riem imenso ao ver as nódoas que crivam a minha a saia. ainda me tento defender mas depois desisto. olho o meu braço escanzelado com espanto e susto. que bom, magreza. que horror, doença.
7.6.10
da sophia
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.
6.6.10
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