28.8.08

28-08-1998

dez anos hoje.
logo daqui a um mês mais outros quarenta. pelo que, se as contas estão certas, entre as duas despedidas primordiais, fundamentais e fundafectivas, passaram trinta anos. passou, em grande medida uma vida, ou, para não usar um eufemismo, passou a vida.
da primeira vez começava o outono, da última acabava o verão pelo que a qualidade do momento foi sempre a da transformação: do grande calor para o pequeno frio. o ar era leve e fresco, o verde não brilhava agressivo, o azul e o branco da cal não eram estonteantes. o mundo aprazível e como que acolhedor na sua mais perfeita temperança.
lembro-me das diferentes cores e brilhos do castanho em mim: forte, cor fértil de terra lavrada mas florido sobre branco, da primeira vez, liso e esbatido com um brilho baço no qual aflora ainda a ideia do branco, na segunda. por acaso apropriados para os dois momentos tão iguais entre si e tão diferentes em mim. e daí, quem sabe o que rege, de facto, as nossas escolhas sejam elas grandes ou pequenas?

25.8.08

o melhor das nossas coisas

seja do norte ou do sul, do leste como do oeste, mesmo se for do centro (como é o meu caso) não deixe que a imbelicidade instalada neste país consiga acabar com o LUGAR AO SUL, um dos poucos programas de rádio que ainda lhe consegue resistir.

proteste no café, em casa dos amigos, no trabalho com os conhecidos, na rua com os desconhecidos, nos blogs, jornais e todos os outros canais a que tiver acesso.

escreva postais ilustrados a quem manda neste país - sobretudo escreva muitos ao presidente da república que, além de ser do sul, também é (odeio a expressão mas não a ideia por isso lá vai...) um homem do povo. por outro lado, ele tem a imensa, a suprema vantagem, face ao primeiro-ministro, de não nem ser chico-esperto nem modernaço (as duas pragas que assolam o país).

à primeira vista pode parecer que se trata "apenas" de acabar com um programa mas na realidade do que se trata de facto é de acabar com um país. não falo do país estado-nação (que me interessa pouco) mas do país "paese" que é, tão só, o melhor que há em nós, o mais certo que somos. relembro a este respeito, a frase com que o autor acaba o programa, e que ele diz numa voz neutra, como quem encolhe os ombros sabendo estar a dizer apenas o óbvio: lugar ao sul, o melhor das nossas coisas.

é exactamente o melhor que de nós ainda resta que rafael correia tem vindo amorosa e cuidadosamente a escorar tentando preservá-lo no meio da verdadeira wasteland cultural em que vivemos. para mim, são sempre os seus entrevistados que, ao sábado (de manhã cedo) ou ao domingo (tarde na noite), me aliviam grande parte do mal-estar de ser-portuguesa alimentado ao longo da semana, sempre em horários nobres, por jornalistas, comentaristas, governantes e outros mandantes.

24.8.08

RAEM não, PARAÍSO

macau é, efectivamente, uma "região administrativa
especial
": o governo local acaba de distribuir 5 mil
patacas (mais de 400 euros) por todos os residentes.

eis o cheque que chegou a uma pessoa amiga e do
qual apaguei nome e morada.