13.7.07

o traçado de uma relação

vivida na blogosfera

vivida no mundo "real"

as long as

não se contribua para dar (outr)a maioria ao ps na câmara de lisboa...

12.7.07

livro de elogios *

ou eu estava com fome ou este bitoque é mesmo bom. para poderem provar a qualidade da carne experimentem só este bocadinho: "talvez para mover o “real” estagnado seja preciso sair dele". fica-se com água na boca não é? e já agora provem também esta parte aqui na qual se defende a opinião de que numa opinião "nada se revela", não sendo ela se não "um sinal mais ou menos do que já foi dito". vão-se embora se quiserem, eu não saio daqui enquanto não acabar tudo o que tenho no prato.

* nome do livro de reclamações do belo restaurante onde ontem, por coincidência, fui jantar (quase tão bem como este almoço) com os amigos com os quais tinha ido antes a uma conversa, mais ou menos fiada, em torno de consequências involuntárias e coincidências

11.7.07

o sonho do 'eu'

'os meus sonhos nunca me traem' disse uma vez o j. uma frase decerto ainda na memória das 8 pessoas a quem foi dita. actualmente não sei se sim ou se não, acho mais que não pois parece que os sonhos também sáo censurados, mas não interessa para o caso, que aqui se trata de a retirar do contexto dele para a resignificar no meu. então, e voltando à vaca fria dos últimos dias, pergunto-te hoje se: já reparaste como em todos os nossos sonhos o sonhador é sempre a personagem principal mesmo, ou sobretudo, quando desempenha um papel secundário? se já notaste como apenas sonhamos com os nossos problemas mesmo, ou sobretudo quando, sonhamos com problemas dos outros? a dormir, um bad hair day é apenas isso, ou melhor, é tudo - o mundo torna-se inabitável só porque o meu cabelo está num mau dia. no estado de vigília posso fingir, ou, mais terrível ainda, acreditar eu própria, que o meu bad hair pesa menos no meu day, do que, say, a mutilação genital feminina. no sonho, ou no pesadelo que faço (para dizer à chinesa, língua que parece responsbiliza os falantes por aquilo que sonham) há-de sempre aparecer um indício revelador da maior significância do insignificante, do maior tamanho do que é mínimo, em suma, da primazia do individual sobre o social. isso mesmo aparece no sonho dos sonhos: seja o zhuangzi ou a borboleta a 'fazer' o sonho, o sonhador, ao sonhar que é um outro está apenas a sonhar-se a si próprio, a sonhar consigo próprio.

"sem eu" (conto budista)

Há muito tempo atrás, uma pessoa recebeu ordens para se deslocar a um local muito distante. Uma noite, no quarto onde pernoitava, apareceu um fantasma arrastando um morto. Depois do fantasma ter largado o cadáver mesmo em frente do viajante, entrou outro fantasma que começou a discutir com o primeiro: “Esse morto é meu! Porque é que mo tiraste?”
Enquanto discutiam pela posse do cadáver, os fantasmas iam puxando, cada um por seu lado, por uma mão do morto. Até que o fantasma que tinha chegado primeiro disse: “Tens aqui uma pessoa que te pode dizer quem é que trouxe o morto.”
O viajante disse de si para si: “Estes fantasmas não são para brincadeiras. Se lhes respondo dizendo a verdade sou um homem morto, mas se respondo à toa, também não escapo. Para quê estar com mentiras?” E respondeu sem hesitações: “Foi o primeiro que aqui chegou.”
O fantasma que chegara em último lugar ficou furioso. Com um esticão arrancou um braço do viajante e deitou-o para o chão. Logo o fantasma que chegara em primeiro lugar tirou um braço do corpo morto e implantou-o no corpo vivo. E assim prosseguiram os dois fantasmas: um arrancava ao vivo, os pés e a cabeça, as pernas, o outro implantava-lhe os pés, a cabeça e as pernas do morto. Até que o corpo do viajante acabou por ficou novamente tal como tinha sido.
Nessa altura, os fantasmas comeram o corpo do morto, depois do que limparam a boca e se foram embora.
O viajante comentou então para si próprio: “Estes olhos que a terra há-de comer viram o corpo parido e criado pela minha mãe a ser comido por dois fantasmas. A carne do meu corpo é agora de outra pessoa. E eu, a partir de agora, sou uma pessoa com corpo ou sem corpo? Se tiver corpo não é meu. Se não tiver, como explicar que haja aqui outro corpo?”. Quanto mais pensava no assunto menos entendia a ponto de se sentir a dar em doido.
No dia seguinte, logo de manhã cedo, meteu-se ao caminho em direcção a um país vizinho.
Lá chegado, avistou um templo. Sem querer saber de mais nada foi logo perguntar aos bonzos se o seu corpo existia ou não. Os bonzos, antes de lhe responder quiseram saber: “Que pessoa és tu?” Ao que o viajante respondeu: “Eu nem sequer sei se sou ou não sou uma pessoa.” E contou-lhes tudo o que lhe tinha acontecido.
Os bonzos limitaram-se a comentar: “Esta pessoa, sabendo por experiência própria que não tem “eu”, esta sim … pode lá chegar com toda a facilidade.” (retirado da revista chinesa duzhi, e traduzido, há muitos anos, para a revista de macau na qual foi publicado sei lá já quando)

condenados ao "eu"

disse-lhe que me parecia um absurdo criticar uma pessoa por ela se achar no centro do mundo. perguntei-lhe onde é que havia de ficar o centro do mundo, de cada pessoa, senão em si própria? sugeri-lhe que para mim o problema não era achar-me (n)o centro do mundo mas estar condenada a sê-lo/vivê-lo. dei-lhe o exemplo das "cinco direcções" - norte, sul, este e oeste só fazem sentido por referência a um ponto central, a quinta direcção. defendi ser importante levar-se a questão às suas últimas consequências, como tinham feito os chineses antigos: no centro do universo está a terra, no centro da terra está o império, no centro do império está a capital, no centro da capital está a corte, no centro da corte, está o trono, no centro do trono está o imperador, no centro do imperador está o coração-mente (do imperador). e concluí, sem no entanto o conseguir convencer, que a diferença entre uns e outros não está no sítio onde cada um se acha como se acha no único sítio onde se pode achar. na ilusão de que está sozinho ou ciente (por via do seu coração-mente, por que outro meio se poderá saber seja o que for?) que não se é o único a habitar ... o centro do mundo. nesta quinta dimensão, verdadeiro ponto virtual, devido às suas ínfimas dimensões, vivem, quais condenados ao inferno, todos os humanos dotados de um "eu".

o caderninho faz falta

em miúda cheguei a pensar em arranjar um caderninho para assentar tudo o que então achava serem malfeitorias que o meu pai me fazia. a ideia era tentar não as esquecer para não voltar a entrar em alianças com ele. ao saber hoje que o candidato do ps à câmara de lisboa ME tinha dito, anteontem, na televisão, tudo o que ME disse a respeito do porto de lisboa, sem ME dizer que já estava convidada, pelo governo do seu partido (do qual de resto ele era ministro à data do convite) a pessoa que dele se há-de encarregar (seja ela quem for, venha donde vier, tenha a competência que tiver para a tarefa em casa, seja por ela remunerado ou faça-a gratuitamente pelo interesse de lisboa), decidi que vou finalmente comprar o caderninho das malfeitorias. o ps não me volta a apanhar desprevenida. isto sou eu que, apesar de achar graça à cara de miúdo esperto do candidato antónio costa, já não ia votar nele. que indignação será a dos que se prepa(rava)m para nele votar?

bebés unidos jamais serão vencidos

o slogan, corrente na terceira geração da minha família, vem a propósito da notícia, outra, sobre o envelhecimento da população portuguesa. é um alarmismo que não me consegue alarmar porque o sinto baseado numa visão do mundo que não me parece corresponder à realidade deste. os resultados dos estudos produzidas pela demografia, ciência que, como as outras, não é abstracta nem objectiva, dependem necessariamente do ponto de vista adoptado. no caso da sociedade portuguesa, é preciso saber quem é que o estudo define como 'português'. a notícia do público não nos esclarece se o número de bebés que "faltam" este ano e que tornam este país no sétimo mais envelhecido do mundo, inclui os bebés aqui nascidos de mães com nacionalidades não-portuguesas (países africanos, europeus, asiáticos, sul-americanos, etc). se não incluir, como é minha convicção, nada garante que a substituição das gerações não esteja a ser feita na sociedade portuguesa. basta pensar em dados empíricos como este que me é familiar: se as mulheres de nacinalidade portuguesa podem, como diz o estudo, ter adiado a maternidade e tido menos décimas de filhos, este ano em relação ao ano passado, as mulheres de nacionalidade chinesa, que, na china, por razões conhecidas, só tinham um filho e geralmente bastante tarde na vida, passaram, ao tornarem-se membros da sociedade portuguesa, a ter vários filhos e numa idade mais nova. em resumo, se as contas forem feitas no quadro de uma demografia social (isto é, inclusiva) e não nacional (exclusiva de todo um sector da sociedade) talvez não nos faltem bebés. ou pelo menos, talvez não faltem tantos.

10.7.07

face e bolso

vejo hoje com agrado que há quem partilhe comigo o ódio que há sete anos a esta parte nutro, com imensa paixão, pelo trabalho da dona fátima dos campos ferreira, no canal 1 da tv pública. não consigo vê-la a actuar sem ficar, por um lado, extremamente embaraçada - talvez porque pertencendo ambas a esta imaginadíssima comunidade que é portugal eu sinta uma espécie de responsabilidade pelas tristes figuras que ela faz sempre toda contente); e por outro, muito indignada - pelo facto de uma parte do salário, pago à referida senhora, provir, sem eu poder fazer nada, directamente do meu bolso. eis um mini post, um post médio e uma granda posta (sizy, claro) sobre uma, como agora se ouve muito, 'prestação' que semanalmente me, ou melhor, agora já posso dizer 'nos' faz perder face e dinheiro.

9.7.07

cha bu duo le

a edição inglesa do china daily, on-line, está a fazer um referendo com características chinesas já que, para além das respostas de 'sim' e 'não', inclui uma 'nem sim nem não'. exactamente como eu gosto, tudo depende. eis o que é perguntado aos leitores:
Do you think China has to repeat the growth path of "pollution first and treatment later" in dealing with environmental issues as most developed countries had undergone?
Yes/No/No comment

primeiro encontro

algures por aí a segunda vida vai-se intrometendo com a primeira.

8.7.07

a força das palavras

o comentário que escrevi por baixo de uma fotografia, publicada no flickr de um amigo, fez desaparecer a fotografia do local onde ele a tinha colocado. no entanto, a mensagem de email que recebo, no seguimento deste meu acto de barbaridade, não é o flickr dele a expulsar-me do local mas a convidar-me para entrar na lista dos seus contactos. com medo de ao aceitar lhe dar cabo das fotografias todas, não respondi. só me resta pedir desculpa ao PQz e assegurar-lhe que não foi por mal que o comparei a um mandarim (ele sabe do meu gosto pelas cousas chinesas) nem que lhe apaguei fotografia e comentários (ele também sabe como gosto dos dois comentadores). e, como se diz no algarve, calhando, até que nem fui eu...

hommage à françois julllien

não discordo da versão autorizada, mas penso melhor esse
(tipo de) dia como sendo o último do princípio da minha vida.

sete do sete do sete


foto de paco lopez

afinal o problema era da torradeira da worten. a nova, apesar de não vir da electro-molido, mas de uma electrica-neves, não é da marca "junex" como, sobretudo, cumpre a sua função cultural: torra o pão sem o carbonizar nem incendiar.