4 years ago
3.10.08
PERIGO
afastem-se deste filme,
de seu nome "sorvedouro",
que é das mais compridas
e pretenciosas chatices
que vi nos últimos anos.
a descoberta do dia
fazer chichi
foi difícil entrar dada a altura descomunal da "camineta", novinha em folha, parada na praça de táxis do final da infante santo.
- mas isto é um táxi como os outros?
- tal e qual. só que leva mais bagagem lá atrás.
descansada com a resposta, mal o motorista arrancou, encolhi-me a um canto e fechei-me em mim própria não sem reparar que ele, apesar de serem oito da noite, trazia na cabeça um boné encarnado vivo.
já quase a chegarmos à estrela, oiço uns múrmurios lá frente.
- desculpe, está a falar comigo?
- foi um colega meu que esta manhã foi fazer chichi e o polícia multou-o em 25o euros.
- oh diacho... mas então...
- é assim, a lei não nos permite largar a viatura, pode-se sair mas tem de se ficar ao lado dela. o homem coitado estava parado ali na praça e precisou de fazer as suas necessidades. olhe que ele não levou mais do que cinco minutos, foi ir ao café em frente, fazer chichi e voltar para a viatura. pronto já estava multado.
- mas que lei essa. e então mas como é que os senhores resolvem essa questão?
- há ali uma curva em algés, que é muito fechada, e a gente costuma ir lá fazer chichi. eu até tenho uma história engraçada nesse sítio. uma vez estava lá a fazer chichi quando passou um carro da polícia. e agente que ia lá dentro gritou para mim "não se esqueça de puxar o autoclismo". lá está, tudo vai das pessoas, este era compreensivo.
- mas isto é um táxi como os outros?
- tal e qual. só que leva mais bagagem lá atrás.
descansada com a resposta, mal o motorista arrancou, encolhi-me a um canto e fechei-me em mim própria não sem reparar que ele, apesar de serem oito da noite, trazia na cabeça um boné encarnado vivo.
já quase a chegarmos à estrela, oiço uns múrmurios lá frente.
- desculpe, está a falar comigo?
- foi um colega meu que esta manhã foi fazer chichi e o polícia multou-o em 25o euros.
- oh diacho... mas então...
- é assim, a lei não nos permite largar a viatura, pode-se sair mas tem de se ficar ao lado dela. o homem coitado estava parado ali na praça e precisou de fazer as suas necessidades. olhe que ele não levou mais do que cinco minutos, foi ir ao café em frente, fazer chichi e voltar para a viatura. pronto já estava multado.
- mas que lei essa. e então mas como é que os senhores resolvem essa questão?
- há ali uma curva em algés, que é muito fechada, e a gente costuma ir lá fazer chichi. eu até tenho uma história engraçada nesse sítio. uma vez estava lá a fazer chichi quando passou um carro da polícia. e agente que ia lá dentro gritou para mim "não se esqueça de puxar o autoclismo". lá está, tudo vai das pessoas, este era compreensivo.
viagem pelo corpo humano
começou no polegar, lentamente se insinuou pelo braço, e depois de se demorar no cotovelo, chegou ao ombro e instalou-se na nuca; onde permaneceu ora subindo para a cabeça toda, sem esquecer os ouvidos, ora descendo mesmo até à cintura.
2.10.08
o caminho certo da razão
em conversa explícita com o carlos drummond de andrade, autor deste poema
A mão de meu irmão desenha um jardim
e ele surge da pedra. Há uma estrela no pátio.
Uma estrela de rosa e de gerânio.
Mas seu perfume não me encanta a mim.
O que respiro é a glória de meu mano.
a marta escreveu, para o catálogo da primeira exposição individual do irmão, no museu natural de história natural (sala do veado), esta pequena maravilha intitulada "sobre as esculturas do meu irmão":
A mana Marta
A mão de meu irmão desenha um jardim
e ele surge da pedra. Há uma estrela no pátio.
Uma estrela de rosa e de gerânio.
Mas seu perfume não me encanta a mim.
O que respiro é a glória de meu mano.
a marta escreveu, para o catálogo da primeira exposição individual do irmão, no museu natural de história natural (sala do veado), esta pequena maravilha intitulada "sobre as esculturas do meu irmão":
Umas são muito vaidosas e deixam-se olhar-se com orgulho por todos os lados.
Outras são muito chegadas porque nos abraçam sem nos conhecer.
Também as há que são ambas as coisas.
Algumas muito empertigadas, as pontiagudas, parecem insinuar o caminho certo da razão.
As mais tolas riem-se descontraidamente de nós porque de certo que se apercebem do nosso espanto.
Em comum todas mostram a ilusão de poder ir e voltar. Nunca se sabe.
Em palavras de madeira, és tu.
1.10.08
entrevista "promocional"
toca o telefone um pouco mais tarde do que a hora marcada. pego no caderninho e no lápis e atendo solícita. surge uma voz feminina simpática e que sabe o que quer.
- tudo o que eu quero que me diga é "quem pode frequentar o curso", "o que é que lá se vai aprender", "como é que o curso funciona" e "o que é que os alunos podem fazer com ele".
estava salva, o pior é quando o jornalista não sabe o que quer saber e a gente, além das repostas, ainda tem de inventar as perguntas.
- então, 1º: toda a gente o pode frequentar - basta ter vontade de trabalhar e disponibilidade para desfazer ideias já feitas e para fazer ideias ainda por fazer (ideias que, naturalmente, cursos e recursos posteriores irão por sua vez desfazer); 2º: não faço a menor ideia sobre o que é que os alunos lá irão aprender, eu por mim hei-de aprender tudo o que eles me quiserem ensinar; 3º...o que é que o curso vai ser? : acho que o curso há-de ser um bocadinho como calhar, sabe... as coisas dependem sempre tanto da qualidade do momento - ora falas tu, ora falo eu, ora não fala ninguém e vamos todos ao cinema, um dia lemos alto, como na escola primária, outro baixo, cada um no seu canto, havemos de discutir mas também havemos todos de nos rir; e finalmente, a sua última pergunta: parece-me os alunos com o curso não hão-de fazer grande coisa mas no entanto espero que o curso faça alguma coisa com eles.
- muito obrigada. agora ainda vou editar isto - temos aqui imenso material e só temos 2 minutos... depois eu digo quando é que vai para o ar.
- tudo o que eu quero que me diga é "quem pode frequentar o curso", "o que é que lá se vai aprender", "como é que o curso funciona" e "o que é que os alunos podem fazer com ele".
estava salva, o pior é quando o jornalista não sabe o que quer saber e a gente, além das repostas, ainda tem de inventar as perguntas.
- então, 1º: toda a gente o pode frequentar - basta ter vontade de trabalhar e disponibilidade para desfazer ideias já feitas e para fazer ideias ainda por fazer (ideias que, naturalmente, cursos e recursos posteriores irão por sua vez desfazer); 2º: não faço a menor ideia sobre o que é que os alunos lá irão aprender, eu por mim hei-de aprender tudo o que eles me quiserem ensinar; 3º...o que é que o curso vai ser? : acho que o curso há-de ser um bocadinho como calhar, sabe... as coisas dependem sempre tanto da qualidade do momento - ora falas tu, ora falo eu, ora não fala ninguém e vamos todos ao cinema, um dia lemos alto, como na escola primária, outro baixo, cada um no seu canto, havemos de discutir mas também havemos todos de nos rir; e finalmente, a sua última pergunta: parece-me os alunos com o curso não hão-de fazer grande coisa mas no entanto espero que o curso faça alguma coisa com eles.
- muito obrigada. agora ainda vou editar isto - temos aqui imenso material e só temos 2 minutos... depois eu digo quando é que vai para o ar.
30.9.08
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