9.8.08

para além disto e daquilo

decerto mais pungente no filme (simulacro e realidade) da libertação dos reféns do banco, houve um "pequeno" pormenor no qual reparei como decerto outras pessoas: do princípio até ao fim do seu relato, o jornalista da SIC - que nada sabia sobre os reféns excepto que eram empregados do banco (bancários, não banqueiros que senão esta história seria outra) - referiu sempre o homem por "o gerente" e a mulher por "uma funcionária" do banco.
não vale a pena indignarmo-nos (como aconteceu comigo) com a "naturalidade" desta distribuição sexista de papéis sociais e posições hierárquicas. de resto, bem natural...
o que vale a (minha) pena, neste caso, é a mera vaidade pessoal: mal entrevi os reféns pensei com gozo íntimo - e com base na mera experiência de cliente de banco - que a mulher, por ser muito mais nova do que o homem, tinha mais probabilidades de ser a gerente. o que havia de embaraçar o pobre do jornalista sexista.
quando no final do filme se percebeu que o homem é que era o subordinado (e que eu estava "certa") perguntei-me se o jornalista (duplamente errado) teriaa tido tempo ou inteligência suficientes para se questinar a si próprio em vez de fazer perguntas burras e irrelevantes ao painel de polícias que no dia seguinte lhe puseram na frente.

artigo (ou devia dizer 'amigo'?) alpha

com o título de "o combate pelos alpha" e publicado no público de hoje. o autor, fernando tenreiro - que sabe do que fala - afirma haver "razões para duvidar do que pensa Portugal fazer dos seus alpha", termo com que ele designa "os indivíduos que todos os outros querem seguir".
- o texto começa bem ao lembrar-nos que "Portugal é um dos 20 a 30 países mais ricos do mundo" e que, apesar de "enfrentar problemas de crescimento como todos, tem recursos humanos, organizacionais e financeiros e também históricos, filosóficos, científicos e técnicos, etc. para os ultrapassar.
- bem continua contextualizando a questão: "A procura destes talentos raros faz-se em todo o mundo de inúmeras maneiras desde as culturais e religiosas, da reencarnação do espírito dos Dalai Lama do passado nas crianças com determinada idade, às científicas e institucionais seguidas pelos países desenvolvidos" e defender que "Os atletas de alta competição são recursos humanos alpha e os Jogos Olímpicos são o teste absoluto entre iguais".
- no seu desenvolvimento há partes que não percebo como quando o autor se refere ao Cristiano Ronaldo, "um alpha português e um puto porreiro". e outras que percebo muito bem: "Não será por razões fúteis, de sucesso pelo sucesso, que a filha da Rainha de Inglaterra e o filho doRei de Espanha e herdeiro do trono foram atletas olímpicos na equitação e na vela".
- e acaba ainda melhor acentuando que "Se Portugal investisse nos seus atletas, seria mais sensível aos talentos de todas as artes e profissões"; recordando que "os alpha em Portugal não se chamam Melo, Champalimaud, Silva, Soares, Azevedo ou Espírito Santo" (mas Ronaldo que "é da Madeira, que é pobre" e Figo "que surgiu na margem sul do Tejo"); e perguntando retoricamente: "Se os alpha como Nélson Évora, Naide Gomes, Telma Monteiro, Vanessa Fernandes surgiram em Portugal com um sistema de incentivos e protecção com escassas oportunidades para os desfavorecidos, o que aconteceria com um sistema solidário, atento e remunerador dos recursos humanos carenciados, os quais aspiram e mais necessitam de uma oportunidade que tantas vezes tarda a chegar?"

4.8.08

a cor do dinheiro

quando a menina da caixa me perguntou como queria os 200 euros não resisti a pedir-lhe que me desse pelo menos uma nota de 50. e justifiquei-me: talvez por levantar sempre pequenas quantias, nunca me calhava em sorte uma dessas notas - amarelas não são, acho que nem me lembro...
- e as de 500 conhece?
essas então, se as vi foi uma vez, mas acho que nunca usei nenhuma...
depois de me dar os 200 euros (lá vinha uma nota amarela) a rapariga levantou-se e voltou pouco depois, com um ar divertido e uma grande nota cor-de-rosa na mão
- e as de 500, não são lindas?
depois de eu ter manifestado a devida admiração pela nota cor-de-rosa, a minha interlocutora da cgd acabou por me confessar ter lido, havia pouco tempo, não sei em que jornal, um artigo no qual se dizia que a maioria dos portugueses nunca tinha visto uma nota de 500. o que, para a jovem bancária, tinha soado a uma mentira jornalística. afinal, tinha de se render à evidência - ali estava eu a provar-lhe que, por vezes, os jornais também falam verdade.

centro de saúde

por amor de deus pá!!! daqui a nada está a minha vizinha a sair de casa e eu tenho a minha mãe acamada.

No to the outrageous directive !


Le Parlement européen a adopté la directive de la honte : un coup dur pour l'Europe des droits de l'Homme

Soumis au vote des parlementaires européens ce mercredi 18 juin 2008, le projet de directive sur l'expulsion et la rétention des personnes étrangères a été adopté par 367 voix pour, 206 contre et 109 abstentions.

Le Parlement européen, en adoptant, sans y ajouter le moindre amendement, le texte de la «directive retour» négocié par les ministres de l'Intérieur et de l'Immigration des 27 Etats membres, a perdu une grande part de sa crédibilité quant à sa capacité à tenir son rôle d'instance démocratique chargée notamment de la protection des citoyens en Europe.

En prévoyant l'enfermement de migrants non communautaires pour une durée maximale de 18 mois, en autorisant l'expulsion d'enfants, qui plus est hors de leur territoire d'origine, en instituant une interdiction du territoire européen de 5 ans, cette directive porte atteinte aux libertés publiques et fait de l'enfermement un mode de gestion courant des populations migrantes.

Sourds aux appels des ONG, sourds aux appels des Eglises, sourds aux appels de nombreux représentants d'Etats du Sud, sourds aux mobilisations citoyennes, les parlementaires européens ont, dans leur majorité, choisi de renoncer à toute velléité de résister à la logique policière qui sous-tend la politique d'immigration conduite par les ministres de l'Intérieur en Europe depuis 20 ans.

La Cimade le déplore profondément. Elle étudie avec ses partenaires toutes les voies possibles pour contester cette directive devant la Cour de justice ou la Cour européenne des droits de l'Hom


Appeal to the Members of the European Parliament

On the 18th of June 2008, a proposal for a directive concerning the detention and deportation of immigrants will be submitted to the European Parliament.

Since 1990, the policies of European governments with respect to immigration and asylum have resulted in a continuous reduction of the guarantees and fundamental protections of the people they affect. Europe is becoming a locked-down fortress and uses disproportionate means to prevent access to its territory and to deport unauthorised migrants.

The project before the European Parliament, if it were to be adopted, would represent yet another regression.
In foreseeing detention that could be extended up to 18 months for people whose only offence is to want to live in Europe, it holds to an inhuman logic : generalizing a policy of confinement for aliens could become the normal way of treating migrant populations.
In establishing a five-year ban from Europe for all people who are expelled, this project stigmatises the illegal immigrants and transforms them into delinquents who must be deported.

The proposed directive which will be presented to the Parliament is the first in this domain to be submitted to a procedure of co-decision with the Council of Ministers. The Parliament therefore has the possibility to once and for all put an end to this policy which goes against the human values at the heart of the European project and which give it its meaning.

Today, the Members of the European Parliament have an historical responsibility : act as to not let Europe fall back to the dark era of segregation between nationals and undesirables through the systematisation of detention camps and forced repatriation.

We call on the Members of the European Parliament to assume their responsibility and reject this project.

ASSINAR

3.8.08

la temperanza

a requintada delícia do vento a correr pela casa na qual não há uma janela que não esteja escancarada à espera da noite.
um pouco como o tipo que usava sapatos apertados só pelo prazar de os tirar quando chegava a casa, eu aprecio o verão apenas pela brisa fresca do princípio da manhã e pelo vento, mais turbulento, do fim da tarde.