28.5.09

o terrorismo maternal

"la teta asustada", o segundo filme de claudia llosa (peru) é um filme com género (claramente feito no e pelo feminino). não sei se é um bom filme (mas mau também não é).
a imensa força com que o género é tematizado e representado impressiona.
e é divertida a mistura do surrealismo latino-americano, que conheço de certa literatura, com o hiperrealismo de todo o subdesenvolvimento.

maio em abril

tenho um jantarinho cá em casa e estou com medo que certos vizinhos julguem que comemoramos o estado novo.

27.5.09

o poder da poesia


Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,

And summer's lease hath all too short a date:

Sometime too hot the eye of heaven shines,

And often is his gold complexion dimmed,

And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature's changing course untrimmed:

But thy eternal summer shall not fade,

Nor lose possession of that fair thou ow'st,

Nor shall death brag thou wander'st in his shade,

When in eternal lines to time thou grow'st,

So long as men can breathe, or eyes can see,

So long lives this, and this gives life to thee.

censura ou louvor?

"se tiveres um jardim e uma biblioteca tens tudo o que precisas" é a frase de Cicero que me chega, via email, da rosava.

25.5.09

hortelã (que é o feminino de hortelão)

esta coisa do cultivar é sobretudo uma questão dO tempo. pelo menos é assim que a tenho vindo a viver. é sobretudo o sentido da espera que ela me ensina.

o tamanho da pereira, ao mesmo tempo mínimo, se pensarmos na árvore que será, e gigante se comparado com o caroço do fruto que foi, comove-me particularmente. a crescer natural e silenciosamente debaixo da luz completamente artificial que tem por cima.

e depois como saber que a flor da mostarda é amarela, a da ervilha roxa e a da rúcula branca? como experimentar o vigor de uma vinha sem a ter plantado?

é ainda a questão do viver sazonalmente, ou timely como vivia o Confúcio, sempre mestre. no final do inverno, quando cavei a terra preparando-a para as plantações, na minha cabeça só havia raízes e toda a minha vida era entendida em função dos seus movimentos verticais e horizotais. agora são os perfumes e as cores das flores que revelam o sentido de acções e emoções.

o título deste post ainda está por encontrar

"gosto imenso. da soltura do traço mas porque tem a tal intencionalidade que procuro. gosto do esquematismo como linha que vem directamente do cérebro, a tal definição "o desenho é uma linha que foi dar um passeio". escreve a amiga a quem enviei estes desenhos recebidos de um amigo.

ao que posso responder: concordo plenamente e acho até que percebo a razão do sentimento de presença, ou ausência de intencionalidade. não será porque ele desenha o que encontra fora de si (embora, naturalmente, a sua realidade interior determine, e de que maneira, a realidade exterior representada) enquanto que tu desenhas o que procuras dentro de ti (ainda que, evidentemente, a realidade exterior - o que encontras - não deixe de figurar na emocionalidade expressada)?

ou, formulada a pergunta de formas mais esquemáticas:
será que ele desenha antes de pensar e tu depois?
será que o AT desenha para poder pensar e tu pensas para poder pintar?

seja como for, o que me parece estar em jogo são diferenças na natureza do real: a força das coisas vs a força do self .