17.4.10

foi a meio da noite

que o analista entrou pelo quarto adentro, e, depois de encostar à parede o grande espelho que levava com ele, se foi sentar na borda da tua cama, pedindo para ver a casa.
o grande desarrumo e a sujidade acumulada, iluminadas por um sol primeiro e filtrado pela qualidade inefável das teias de aranha que rendilhavam a totalidade vertical e horizontal de salas e corredores, era uma imagem de tal forma esplendorosa que acabaste por não ver, no espelho, como eras vista. uma oportunidade perdida.

les herbes folles

só alguém que não viu este filme (que nunca comeu erva?) é que pode ter tido a ideia (uma verdadeira anti-ideia...) de traduzir por 'daninhas' as folias destas ervas.

até a menina que nos aparece já depois do filme ter acabado (pelo menos duas ou três vezes) mas que ainda é dele personagem (pois ele ainda há-de voltar a acabar outra vez) percebeu a qualidade, vitalmente comestível, das ervas aqui em jogo: "mãe quando eu regressar, como gato, poderei comer as ervas?"  (cito de cor e não me lembro da resposta da mãe)

16.4.10

nã me dêxes da mão!

ainda apertas a minha mão na tua mão e apertas com força. mas continuas sem me  dar o mais leve sinal de que sabes a quem pertence a mão que tens apertada na tua.
parece-me ser com o mesmo cego entusiasmo que apertas a minha mão ou a mão da enfermeira que insiste em te dar alta, ou a até a manita da nossa conterrânea (com a qual, segundo boatos maliciosos que circulavam pelos corredores de são josé, conversavas durante a noite, depois de, durante o dia, nos castigares com o mais absoluto silêncio, isto apesar de eu também te falar de lagos, tal como a luz te fala do mar e da casa, de te falar de lagos e à lagos sempre que nas histórias que te conto, ou reconto, as personagens são locais - zé neto, sr. arménio, guida t essa mesma, d. piedadezinha, zé t. esse mesmo, sr, caetano, etc.). histórias que não irão ter fim mesmo que insistas em ficar a dormir por mais mil anos, só para fazeres empalidecer de inveja a branca de neve, que só dormiu 100, tu oh minha senhora de mim, meridional e oriental, pérola escura da manchúria.
convenhamos então que qualquer mão humana te serve para apertar. mas, e a serem verdade os referidos boatos, só a escura manita de uma verdadeira filha de legues te destrava a língua que xabregas te travou.
veremos agora em são miguel.

15.4.10

facelook

tenho andado divertida no/com o  FB. depois de tanto mal ter dito dele tem-me feito confusão este volte-face da minha parte. e tenho-o atribuodo, um pouco simplisticamente decerto, ao recente encontro com os micas (por maior que seja o meu amor por eles e o prazer que tive em revê-los e re-ouvir-lhes as vozes que tão e tanto conheço).
hoje, no entanto, ao deparar no canto inferior esquerdo, com a conjunção, a todos os títulos insólita, de um querido amigo taiwanês, ao lado da minha grande amiga i.m., encimados por um ex cunhado de quem gosto muito e por uma vizinha das noites mais antigas de verão, caí desamparada no dia em que fiz 60 anos - e no centro daquela megalómana 'filosofia' que esteve subjacente à sua organização: juntar, por uma vez, na vida, todas as pessoas da minha vida (o que depressa percebi ser ou equivaler a juntar todas as minhas vidas numa pessoa.
se não me sair a sorte maior para poder voltar a comemorar, dessa forma inclusiva, outra idade redonda que ainda venha a fazer, já não tenho de esperar pelo meu próprio funeral para a repetição do milagre da unidade do eu - basta-me abrir o facebook  e olhar para o canto inferior esquerdo: está lá a minha vida toda* que não é outra coisa senão as caras das pessoas com cujas vidas ela ela se foi fazendo.

*obsessiva como sou, temo que a partir de agora, os "meus amigos" no fb aumentem para números inverosímeis.

crying day


13.4.10

smiling day

smells coffee but tastes bread

em dois dias duas reclamações

num restaurante da A2 devido à mais que péssima qualidade do almoço e ao preço exorbitante do mesmo; numa agência da CGD, onde às 11 da manhã, a não colocação de dinheiro na máquina, tinha provocado uma bicha de cerca de 20 pessoas, a maioria delas "só" para levantar dinheiro na máquina.
a ambos fui respondida, com prontidão e educação, sendo que no primeiro caso me foi oferecido um voucher para uma refeição, para duas pessoas, num dos muitos restaurantes espalhados pelas auto-estradas da brisa; no outro, me foi creditado na conta o valor de 5 euros, que tinha sido obrigada a pagar por uma segunda via da caderneta, documento que não trazia (ia à caixa multibanco com o cartão multibanco) sem a qual, soube na altua, não poderia levantar dinheiro ao balcão.
nas duas situações, tive de remar, e de que modo, contra mim própria, pois o meu propósito reformador deixou duas jovens funcionárias em lágrimas, um pranto que os meus reiterados pedidos de desculpa - enquanto escrevia no livro de reclamações - não abrandou nem secou.

continuação (na qual se continua a encontrar tudo o que há-de continuar)

Emotionally the Chinese are mild, frugal, sober, gregarious, industrious, of remarkable endurance, but at the same time cowardly, revengeful, very cruel, unsympathetic, mendacious, thievish, and libidinous. They are taciturn, but spasmodically vehement. But they are also excessively courteous and ceremonious, with a great capacity for gratitude, and a very high sense of mercantile honour.
Intellectually the Chinese are non-progressive; though in modern times some have shown a desire for Western learning, most have always been and still are slaves to uniformity and mechanism in culture. They are unimaginative, imitative, lacking free individuality and creative power, slow in organizing, lacking reflection and foresight, vague in expression, unable to take a comprehensive grasp of a subject; they attach little importance to accuracy. They are also exceedingly suspicious and superstitious.
Regarding Chinese character as a whole, we find in it many traits common to races in early stages of development, such as the inferiority of size and structure, the larger alimentary system with smaller nervous power; a relative hardiness, with less acute sensations resulting from injurious actions than in the case of more highly developed types, and consequent weakness of the feelings prompting to effort and leading to improvement. With less plasticity of nature there is earlier maturity. The Chinese consciousness is relatively simple, exhibiting periodic impulsiveness, improvidence, little-developed altruistic sentiments giving rise to lack of sympathy and to cruelty and extreme conservatism. The Chinese mind is deficient in conceptions of general facts and distant results ; its ideas are rigid and concrete rather than abstract, lacking definiteness and accuracy. The absence of constructive imagination is shown by the few inventions recorded during a very long national life.

11.4.10

eu e tus: uma glossolalia

IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII/ ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ/ OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO/ UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU/ EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE/ AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA/ ÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕ