15.3.08
14.3.08
corte de cabelo
vai para cinco minutos que o pobre luis filipe meneses perora sobre o seu partido, e sobre os seus críticos, sentado numa cadeira de cabeleireiro, todo revestido por grande penteador azul com motivos brancos, por detrás o lavatório com os shampoos, as mousses e os condicionadores, do lado esquerdo um homem que lhe cortar o cabelo, madeixa a madeixa e em baixo, um que lhe engraxa os sapatos. em frente mas fora da cena uma jornalista que lhe dá corda.
em certo momento, o entrevistado, entusiasmado a insistir no ridículo da posição dos seus críticos sobre o pagamento das quotas, convoca a experiência do barbeiro: "oh sr. não sei quantos diga lá como é que paga as quotas do benfica. não paga em dinheiro e não pode pagar as quotas até mesmo à entrada do jogo?" o barbeiro corrobora entaticamente a liberdade que o benfica lhe dá para pagar como e quando quiser as suas quotas. "está a ver, até no futebol..." acentua meneses de olhar radioso sob uma melena pingando água.
comecei por assistir envergonhada à forma, meio contente meio complacente, como ele ouvia uma patética conversa sobre a sua pessoa passada entre uma jornalista e uma mulher, que havia de ser a dele pois o descrevia como "muito meiguinho". mais tarde tive um sobressalto quando o pobre já sentado a uma secretária, responde à jornalista que vai "cortar o cabelo" (quando ela lhe pergunta o que vai fazer a seguir). mas depois, com ambos face à porta fechada do cabeleireiro, tinha descansado: "que alívio, ela não vai entra!"
em certo momento, o entrevistado, entusiasmado a insistir no ridículo da posição dos seus críticos sobre o pagamento das quotas, convoca a experiência do barbeiro: "oh sr. não sei quantos diga lá como é que paga as quotas do benfica. não paga em dinheiro e não pode pagar as quotas até mesmo à entrada do jogo?" o barbeiro corrobora entaticamente a liberdade que o benfica lhe dá para pagar como e quando quiser as suas quotas. "está a ver, até no futebol..." acentua meneses de olhar radioso sob uma melena pingando água.
comecei por assistir envergonhada à forma, meio contente meio complacente, como ele ouvia uma patética conversa sobre a sua pessoa passada entre uma jornalista e uma mulher, que havia de ser a dele pois o descrevia como "muito meiguinho". mais tarde tive um sobressalto quando o pobre já sentado a uma secretária, responde à jornalista que vai "cortar o cabelo" (quando ela lhe pergunta o que vai fazer a seguir). mas depois, com ambos face à porta fechada do cabeleireiro, tinha descansado: "que alívio, ela não vai entra!"
identificações
fotografia que acompanha artigo do nyt sobre a influência da mãe em obama
e, já agora, aqui fica este excerto (com sublinhados meus) de uma crónica de há 4 anos, publicada no mesmo jornal:
His biography gave him a credibility no one else could have: he was able to identify with the poor and the Arab-American, with immigrants, with African-Americans. In other contexts, he has identified with white farmers - people like his mother's family.
Most people can find something to identify with in Barack Obama, and he can find something to identify with in them. We have never had a politician quite like this. It may be a paradox, but only someone this rare could be so universal.
wake up mr. buba
o buba não faz a ouvir a sua voz há tanto tempo.
estará à espera de outro dia de são valentim?
estará à espera de outro dia de são valentim?
ser-blog ou não ser-blog
para mim, talvez por ser uma recém chegada ao blogomundo, e/ou por quase não receber comentários no meu (ausência que decerto torna a sua presença mais desejável), um blog que não permita aos visitantes comentarem o visitado (os posts) NÃO é um blog. por mais interessantes ou refrescantes, por mais inteligentes ou nutrientes que sejam os seus posts, se não se oferecem ao livre comentário público acabam por se transformar em sentenças cagadas d'alto.
para legitimar esta minha sentença cito, e sublinho a bold a parte que me interessa, a definição de blog dada no site do blogger "A blog is your easy-to-use web site, where you can quickly post thoughts, interact with people, and more. "
para legitimar esta minha sentença cito, e sublinho a bold a parte que me interessa, a definição de blog dada no site do blogger "A blog is your easy-to-use web site, where you can quickly post thoughts, interact with people, and more. "
13.3.08
11.3.08
o mundo às avessas
sempre duvidei do (bom) gosto da conhecida frase da simone de beauvoir sobre as mulheres não nascerem mulheres mas tornarem-se mulheres.
mesmo tendo em conta a data em que ela foi escrita - o que é dizer, toda a teorização posteriormente feita para distinguir as noções de sexo e género - a frase, ao deixar de fora os homens, ela parecia-me ser mais capaz de confundir do que de distinguir: será que os homens, diferentemente das mulheres, já nascem homens? será que ao processo cultural, pelo qual as mulheres se tornam mulheres, não corresponde um processo semelhante através do qual os homens se tornam homens? estarão os homens do lado da natureza e das essências e as mulheres do lado da cultura e da história? e como é que uma identidade sexual se poderia definir sem ser por oposição a outra?
a questão interessa-me não pela correcção da frase em si (cada um sabe de si, isto é, do que escreve e como escreve, a sb não é excepção, coitada a senhora até já não está cá para se defender), mas pela modo como, sem eu perceber como, ela saiu do uso mais ou menos restrito dos estudos sociais e culturais, ou dos movimentos feministas, para se implantar entre o grande público feminino.
é na sua utilização descontextualizada, como 'máxima' por parte do chamado senso comum, no caso o das mulheres, que a frase me parece perigosa e muito capaz de ter efeitos mais negativos do que positivos. isto no que toca à tomada de consciência, por parte das pessoas (que ela de resto pretende acordar), sobre o que está verdadeiramente em jogo na relação de poder entre os sexos.
vem isto a propósito do simpático presente que recebi, por ocasião do dia internacional da mulher, de uma empresa de limpezas domésticas (cujas empregadas encarregues das actividades do 'limpar' a casa são todas de mulheres) - uma fantástica rosa cor-de-rosa acompanhada de um cartão no qual se lê: "não se nasce mulher, torna-se. simone de beauvoir".
mesmo tendo em conta a data em que ela foi escrita - o que é dizer, toda a teorização posteriormente feita para distinguir as noções de sexo e género - a frase, ao deixar de fora os homens, ela parecia-me ser mais capaz de confundir do que de distinguir: será que os homens, diferentemente das mulheres, já nascem homens? será que ao processo cultural, pelo qual as mulheres se tornam mulheres, não corresponde um processo semelhante através do qual os homens se tornam homens? estarão os homens do lado da natureza e das essências e as mulheres do lado da cultura e da história? e como é que uma identidade sexual se poderia definir sem ser por oposição a outra?
a questão interessa-me não pela correcção da frase em si (cada um sabe de si, isto é, do que escreve e como escreve, a sb não é excepção, coitada a senhora até já não está cá para se defender), mas pela modo como, sem eu perceber como, ela saiu do uso mais ou menos restrito dos estudos sociais e culturais, ou dos movimentos feministas, para se implantar entre o grande público feminino.
é na sua utilização descontextualizada, como 'máxima' por parte do chamado senso comum, no caso o das mulheres, que a frase me parece perigosa e muito capaz de ter efeitos mais negativos do que positivos. isto no que toca à tomada de consciência, por parte das pessoas (que ela de resto pretende acordar), sobre o que está verdadeiramente em jogo na relação de poder entre os sexos.
vem isto a propósito do simpático presente que recebi, por ocasião do dia internacional da mulher, de uma empresa de limpezas domésticas (cujas empregadas encarregues das actividades do 'limpar' a casa são todas de mulheres) - uma fantástica rosa cor-de-rosa acompanhada de um cartão no qual se lê: "não se nasce mulher, torna-se. simone de beauvoir".
será o meu reino ainda deste mundo?
eu não estou a ver nem a ouvir isto que estou a ver e a ouvir no chamado 'prós e contras': as enormes 'absurdidades' vindas dos monárquicos na plateia; as pequenas e doces ingenuidades do gonçalo ribeiro teles e a inteligente perversidade do paulo teixeira pinto, no podium. a sempre truculenta condução da cerimónia por parte da inenarrável fátima dos campos ferreira contribui para o sentimento de irrealidade desta situação nocturna. podia sentir-me a ter um sonho cómico não fora o medo horrível, inspirado pelo olhar do ptp, me sugerir que posso estar a ter um pesadelo.
em momentos intermitentes o real irrompe no seio da alucinação que é aquilo a que os monárquico chama,, com regozijo e em coro com a pobre (de espírito) da fcf, "o primeiro grande debate entre republicanos e monárquicos". nenhuma dessas interrupções, venham da plateia ou do podium, me desilude - todas boas, no fundo e na forma e talvez excelentes as de rui tavares, de daniel oliveira e de um republicano mais velho cujo nome não fixei.
em momentos intermitentes o real irrompe no seio da alucinação que é aquilo a que os monárquico chama,, com regozijo e em coro com a pobre (de espírito) da fcf, "o primeiro grande debate entre republicanos e monárquicos". nenhuma dessas interrupções, venham da plateia ou do podium, me desilude - todas boas, no fundo e na forma e talvez excelentes as de rui tavares, de daniel oliveira e de um republicano mais velho cujo nome não fixei.
10.3.08
avaliação do professor
não sou fã do marcelo rebelo de sousa cuja irrequietude mental e brilho intelectual, muito à sun wukong, me cansam frequentemente. mas não deixo, sempre que posso, de assistir à sua televisiva performance dominical.
ontem exultei com parte da letra e com todo o espírito da avaliação que ele fez dos ministros e do governo em geral. assim como, naturalmente, com a iniciativa em si própria que me pareceu particularmente apropriada ao espírito do tempo.
ontem exultei com parte da letra e com todo o espírito da avaliação que ele fez dos ministros e do governo em geral. assim como, naturalmente, com a iniciativa em si própria que me pareceu particularmente apropriada ao espírito do tempo.
9.3.08
domingo de ramos
a r. acusou-me de ter teias de aranha em minha casa mas não se ofereceu para as remover. não era grave pois as senhoras da limpeza vinham dali a 2 dias. no entanto, eu esqueci-me de as avisar e elas não se lembraram de limpar por cima. pelo que a aranha passou outra descansada semana no quartel general que tinha construido mesmo à entrada do meu quarto.
no doce empatar dominical, lembrei-me da iminente chegada da "limpeza" das segundas. e, por associação de ideias, da minha hóspede de cuja existência me esquecera (também olho pouco para cima pois, como acertadamente disse uma vez o sábio joão de deus, é no chão que se encontra quase tudo)
quando a fui visitar encontrei com alguma consternação uma grande mosca aprisionada num dos seus 2 postos avançados. recorrendo ao telemóvel, consegui registar algumas imagens da tragédia em curso.
depois, e apesar de convencida que o empenho profissional das senhoras da limpeza não será esta semana superior ao demonstrado nas 2 últimas, programei, no mesmo tm, um lembrete para não me esquecer de lhes dizer que não libertem a mosca nem executem a aranha.
a verdade é que ainda tenho uma semana inteira, antes da r. chegar, para observar à minha vontade o processo de tortura e morte que a aranha reserva à mosca.
eis algumas das imagens do incidente doméstico
1 m separa os 2 postos avançados da aranha
a mosca aprisionada num deles
o outro ainda (ou já) vazio...
no doce empatar dominical, lembrei-me da iminente chegada da "limpeza" das segundas. e, por associação de ideias, da minha hóspede de cuja existência me esquecera (também olho pouco para cima pois, como acertadamente disse uma vez o sábio joão de deus, é no chão que se encontra quase tudo)
quando a fui visitar encontrei com alguma consternação uma grande mosca aprisionada num dos seus 2 postos avançados. recorrendo ao telemóvel, consegui registar algumas imagens da tragédia em curso.
depois, e apesar de convencida que o empenho profissional das senhoras da limpeza não será esta semana superior ao demonstrado nas 2 últimas, programei, no mesmo tm, um lembrete para não me esquecer de lhes dizer que não libertem a mosca nem executem a aranha.
a verdade é que ainda tenho uma semana inteira, antes da r. chegar, para observar à minha vontade o processo de tortura e morte que a aranha reserva à mosca.
eis algumas das imagens do incidente doméstico
1 m separa os 2 postos avançados da aranha
a mosca aprisionada num deles
o outro ainda (ou já) vazio...
laranjeiro
A mesquita do Laranjeiro é o templo islâmico (sunita) mais antigo da cidade de Almada. Instalado no piso térreo de um edifício habitacional, desde o início dos anos 80, aquele templo "tem a porta aberta a toda a gente", mas frequentam-no sobretudo muçulmanos de origem moçambicana, guineense e "alguns indianos e paquistaneses". Em 1994, a cisão entre crentes deu-se devido a "interpretações diferentes da religião". Data dessa altura a fundação da madrassa que congrega no seu seio os muçulmanos (também sunitas), sobretudo, paquistaneses seguidores da tendência sufi, templo que também "tem a porta aberta a toda a gente" (o ênfase é meu)
renasceu-me a esperança de poder voltar a ver gente a rodopiar e até talvez, quem sabe, poder eu vir algum dia a rodopiar com(o) ela.
desejo (da hipnose do rodopio motivado pela descoberta da existência de uma mesquita sufi, aqui tão perto) que se confunde com o anti-desejo subjacente à razão da descoberta. na verdade, talvez preferisse ter continuado a pensar que nunca mais voltaria a ver pessoas a rodopiarem ao meu lado, que jamais teria ensejo, quem sabe, de rodopiar com(o) elas.
renasceu-me a esperança de poder voltar a ver gente a rodopiar e até talvez, quem sabe, poder eu vir algum dia a rodopiar com(o) ela.
desejo (da hipnose do rodopio motivado pela descoberta da existência de uma mesquita sufi, aqui tão perto) que se confunde com o anti-desejo subjacente à razão da descoberta. na verdade, talvez preferisse ter continuado a pensar que nunca mais voltaria a ver pessoas a rodopiarem ao meu lado, que jamais teria ensejo, quem sabe, de rodopiar com(o) elas.
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