que o verde do sofá onde estava sentado, na sala-consultório, lhe lembrava as grandes pradarias para cuja planura lhe apetecia fugir embora também sonhasse com a verticalidade azul das montanhas brumosas; que do mar, o que desejava era a imobilidade, e das árvores, o marulhar ao vento; que queria pôr a nu o seu corpo velho e cansado para primeiro o deixar derreter ao sol e depois devolver-lhe a forma nas águas geladas do rio; que a humana razão era o seu único vício e o pecado original a perda da virtude das plantas e dos animais; que se sabia encarcerado numa prisão sem guardas, nem muros, nem grades, cujo portão permanecia sempre escancarado diante de si.