1.8.09

férias propriamente ditas

se, como está a acontecer, cada historieta me levar um dia a traduzir, outro a procurar e a ler artigos sobre os seus protagonistas principais, e um terceiro a comparar as traduções do texto existentes em todas as línguas minhas conhecidas e até em algumas relativamente desconhecidas, vou precisar de três dias de trabalho por conto. isto sem contar com o trabalho de revisão que me costuma levar mais tempo do que o trabalho de tradução propriamente dito.

uma vez que a empreitada é constituída por cerca de 60 historietas, vou precisar de 180 dias, ou seja, de seis meses, para acabar uma tradução que já devia estar pronta. isto sem contar com o trabalho de revisão que me costuma levar mais tempo do que o trabalho de tradução propriamente dito.

31.7.09

diálogos semi directos

. paguei os euros que estava a dever à senhora dos bolos algarvios, sempre sorridente, cuja mãe, hoje menos esquecida, identificou os muchecos pequenecos que não a largavam da mão no tempo em que ela vendia fruta no largo em frente de nossa casa.
. cortei o cabelo no mestre cabeleireiro, cuja mulher tem um trabalho que é exactamente o oposto do dele, um alentejando que há uns anos atrás descaíu para aqui.
. inscrevi-me no curso que queria e soube, pelo empregado, que a italiana, apesar de não o querer dar, teve de recuar para trás por o anúncio já ter saído.
. aceitei o pedido de desculpas do amigo que me tinha pedido em casamento porque percebi que a americana por que me troca, dois dias depois da proposta, faz muito mais o género dele.

delicious

(...) “What you had today was two gentlemen who agreed to disagree on a particular issue,” a poised and smooth Sergeant Crowley said in a 15-minute news conference after the session. “We didn’t spend too much time dwelling on the past, and we decided to look forward.”


Professor Gates said in an interview, “I don’t think anybody but Barack Obama would have thought about bringing us together.”


The two men and their families first encountered each other in the White House library while each group was on individual tours of the White House on Thursday afternoon. “Nobody knew what to do,” Professor Gates said. “So I walked over, stuck out my hand and said, ‘It’s a pleasure to meet you.’ That broke the awkwardness.” (...) Professor Gates concurred, saying: “We hit it off right from the beginning. When he’s not arresting you, Sergeant Crowley is a really likable guy.”

(...)


New York Times

Helene Cooper reported from Washington, and Abby Goodnough from Boston.

Andrea Fuller contributed reporting from Washington.

GV cortou, pastou e sublinhou


30.7.09

lisboa

colecção parada

hoje nada de conversas. nem de manhã nem de tarde. não conto com o pedido de desculpa do tipo que chocou contra mim - quando eu vagarosa me debruçava ao largo do juiz - de tão desembestado que vinha a nadar o seu atlético crawl. também não creio ser de contar, em termos de interacção social, as vezes que chamei o nome do ratinho travesti desaparecido durante a noite.

29.7.09

a meia dúzia da manhã

1. primo-arquitecto logo cedo, na cidade, e com pequeno almoço incluído (a retomar)
2. bela rapariga cigana dos olhos extraordinários já na torreira do sol (a reencontrar?)
3. senhora vinda de angola cuja filha faz agricultura biológica no sargaçal (a pensar)
4. sinhora goôrda goôrda e brásileira ná páragem do 'ondá' (perdida)
5. jovem zhaoxun e a sua delicada avó durante a viagem de autocarro (a telefonar)
6. amigo desorientado com proposta electrónica de casamento (a responder)

27.7.09

quote

vou hoje para baixo - digo isto como se o país estivesse na vertical.

conselho aos leitores

vão a correr ver as praias de agnes varda que vai no restaurado cinema alvalade, na av. de roma. devem ir todos independentemente da idade, tendência política, género, estado civil, habilitação académica ou orientação sexual de cada um.  
é um filme que é muito mais do que um filme apesar (ou por causa) de ser um dos filmes mais filme que alguma vez terá sido filmado.

26.7.09

conde-cónego

como estava frio. àquela hora da madrugada, e a minha futura companheira do banco de trás não atava nem desatava, tomei eu a iniciativa e entrei no carro primeiro o que fez com que ela acabasse sentada à minha direita. configuração de posições respectivas que determinou um problema protocolar: você desculpe, eu, por mim, nunca me sentaria do lado direito...  
começava eu a balbuciar uma resposta para uma questão que não entendia quando ela volta à carga: é que eu sou bem-educada.
interrompi o que estava a dizer para, em silêncio, me concentrar na analise linguistica daquele rouco remoque da minha companheira: mera declaração de facto ("eu sou bem-educada") ou verdadeira implicatura ( "tu és mal-educada")?  um silêncio que em breve se transformou num interessante e generalizado debate sobre protocolo, área do conhecimento  que não domino mas na qual três das quatro pessoas a bordo do carro eram especialistas: umas por via da prática adquirida ao longo de toda uma vida profissional, outra pela"educação" teórica recebida numa infância já muito longínqua.
isto porque, sem resposta ao seu rouco remoque, a especialista de formação livresca, passou ao confronto directo, e algo abrupto, com o da experiência prática, sentado à sua frente: se você tivesse para jantar  um conde e um cónego que também é conde, qual deles é que sentava à sua direita?/  o cónego, respondeu o da formação prática sem qualquer hesitação.
vagos vestígios de vitória  na voz rouquejante da inquiridora:
- pois, era o que eu faria... foi assim que fui educada... 
e, pela primeira vez, a voz clara da condutora: 
- o conde-cónego?! então se ele além de conde também é cónego... 
comentário que impacienta o passageiro que viaja a seu lado: 
- por favor não confunda as coisas... não é disso que se trata. seja conde ou não é por ser cónego que se senta à direita.  até porque não se pode continuar a ser conde depois de se passar a ser cónego, tem de se renunciar... 
- está bem mas acho divertido ... o conde-cónego...
embora todos estivessem de acordo sobre a mais valia social do cónego face ao conde, o debate ocupou-nos durante toda a viagem. e foi  a mesma voz rouca que o tinha encetado, ainda no estoril, que o deu por terminado, já em lisboa,  ao rouquejar em voz baixa e tom desta vez condescendente e indiferente:
- eu só não percebo é porque é que ele não dá o título ao irmão...