7.11.09

o branco do dia



white on white

austeridade não impessoalidade: the trace of the artist's hand is visible 
in the texture of the paint and the subtle variations of white. the imprecise 
outlines of the asymmetrical square generate a feeling of infinite space 
rather than definite borders. 

6.11.09

sentir é estar distraído


Benhuan (本焕, brilho original), mestre budista, defende que os habitantes das grandes metrópoles deviam aprender a fangxia. isto é: a deixar cair, a estar-se nas tintas, a relativizar, a desdramatizar, a despreocupar-se, a soltar e a soltar-se. e  muitos outros verbos ou expressões de que não me lembro agora mas que também denotam a ideia de dar menos importância ao que "é importante" e mais ao que "não é".


entrevista publicada em chinês, por este jornal de shenzen  e citada em inglês por este blog sobre a china.


quase impossível dizer o que disse, sobre a hierarquia das importâncias, sem pensar no verso de alberto caeiro (por isso) usado como título deste post.

do disco "diáspora"


5.11.09

identidade pessoal como efeito

acusada de plágio, no livro das caras, "tive" de me defender. não do crime de plágio, que esse, antes de ser cometido, já tinha sido publicamente admitido, e até agradecido; mas da boa-fé, leia-se amizade e respeito pelo(s) plagiado(s), com que ele foi praticado.  para consubstanciar a minha defesa em factos, "fui obrigada" a ler este blog, da frente para trás, até chegar a junho de 2007.
levei menos de duas horas a rever menos de dois anos. e vou certamente levar o resto do dia a reviver o que (re)vivi. perguntando-me como é uma pessoa pode não se lembrar de nada e lembrar-se de tudo, como é que consegue reconhecer-se e desconhecer-se exactamente no mesmo acto.

4.11.09

os seis dias da criação

chegou ao eu passando pelo outro;  afirmou a vida própria depois de ter morto a alheia; teve de esquecer para se recordar;  só depois de recordar conseguiu ser esquecido; descobriu, no singular, o plural absoluto.

um selo duas cores


uma série de selos, intitulada "todo o país é vermelho", foi retirada de circulação logo após a sua publicação, em 1968, porque taiwan não apareceria pintado da mesma cor. um dos raros exemplares existentes foi agora vendido, em leilão, por cerca de 500 mil euros.

3.11.09

invulgar experiência cinematográfica

ver, com meia hora de intervalo, como me aconteceu ontem, the illiac passion (de gregory markopoulos) e l'idiot (de pierre léon), é como ser-se projectado, numa velocidade alucinante, entre os dois extremos do que seria um continuum qualquer entre o filme mais experimental e o filme mais experimentado da história do cinema.

lindo: sobre tradução, ou o que eu estava mesmo a precisar de ler

"Nossas versões, mesmo as melhores, partem de um princípio falso. Pretendem germanizar o sânscrito, o grego, o inglês, em lugar de sanscritizar o alemão, greicizá-lo, anglizá-lo. Têm muito maior respeito pelos usos de sua própria língua do que pelo espírito da obra estrangeira... O êrro fundamental do tradutor é fixar-se no estágio em que, por acaso, se encontra sua língua, em lugar de submetê-la ao impulso violento que vem da língua estrangeira." citação de citação de citação, com bold meu, respigada daqui.
vou então deixar de "estranhar" o português para passar a "achinesá-lo". ou, num registo mais formal, para o "sinizar". 

2.11.09

pastelaria dione: duas consociações

uma repugnante: bolo de arroz com sumol; outra inesperada: imperial com bica.
na primeira, tudo me choca - desde o desfazer do arroz em bolo até ao borbulhar do sumo(l) na garrafa; no entanto, o que ela me apresenta de mais degradante ainda me parece ser a conjunção de o doce com o doce.
na segunda, confunde-me a oposição formal dos continentes - opaco e  transparente, baixo e alto, fumegante e transpirante; quanto aos conteúdos, apenas me dói, nos dentes, a sucessão, ou a alternância, entre o frio e o quente.

a salvação pelas plantas

desponta (gosto da carga imagística deste verbo) a rúcula que não foi preciso semear de novo este ano. os espinafres verdejam e espraiam-se (a imagística deste verbo induz em erro...). duvida, a estaca da figueira, em pegar ou murchar. tombam secas as flores de abóbora que ninguém colheu/comeu. espiga a salsa, espiga o coentro, espiga o orégão. floresce o basílico soberbo. e o ruibarbo cresce revelando, no verde, o vermelho. a tudo isto a salva assiste, sensata e silenciosa.  

o sonho

não é senão uma precipitação, súbita e particularmente concentrada, da própria realidade.

1.11.09

onion late news

enviado pela rosava (não sei se para blogar mas eu bloguei...)

van gogh's letters



uma obra extraordinária, em vários volumes, que é, simultaneamente, um fantástico projecto de leitura e estudo online. 
pode-se aqui ficar o dia todo, viajando de link para link; ou só gastar três minutos na leitura de um postal ou de um pequeno bilhete. 
nunca é tempo perdido. 


ah e há um blog!

história de vida

uma vez (em) escrita, transforma-se num objecto de que te podes apropriar, passa a ser uma "coisa" de três dimensões de que tu és a única dona. além disso, a tua história é um guia para a tua vida, é um mapa.