7.3.08

interrupção

6 da tarde, linha amarela. só por ter a pequena mão dela bem agarrada na/pela minha é que tinha a certeza da minha neta ainda estar comigo. embora não soubesse onde nem como. a sua pequena pessoa tinha sido literalmente apagada da paisagem por uma floresta de braços esticados e desordenadamente agarrados ao varão, que ela também agarrava, só que mais de um metro acima da sua cabeça. num momento de menor barulho, ocorrido algures entre o campo pequeno e entrecampos, ouve-se a voz indignada da júlia a protestar num alto e claro brado: "oh avó eu estou aqui completamente interrompida!"

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6.3.08

porra!

estavam as coisas muito bem encaminhadas, na rua de entrecampos, de onde se esperava que em breve retornassem à avenida cinco de outubro - onde são tomadas as decisões finais - quando lá chega, vá lá saber-se de onde e como, um papel referente a um período para o qual não teria sido feita a contagem dos anos de descontos. o que fez com que da secretária, na rua de entrecampos, onde estava para ser assinado, o meu malogrado processo tivesse transitado, não para a avenida cinco de outubro como seria de esperar, mas para a praça do areeiro, onde, é voz corrente, vai decerto cair no verdadeiro poço sem fundo que é aquele edifício.
a minha conselheira continua a aconselhar-me a "não perder de vista o processo". não me diz é como.

5.3.08

a segunda prestação

como o meu muito amado mini-mac não sincronizava com o i-phone, vendi-o a prestações a uma prima-amiga que se pretendia iniciar no mundo da informática. no preço estavam incluídas algumas lições presenciais assim como algum tipo de apoio telefónico do género esteja junto do seu equipamento. direito contractual que a sua proverbial educação tem feito usar com muita parcimónia.
hoje, sem motivo aparente nem aviso prévio, veio pessoalmente oferecer-me uma pequena tablete de chocolate. passou-ma para as mãos com algum embaraço enquanto ruminava entre dentes umas coisas que não percebi. como adoro chocolate fiquei muito contente e desafiei -a logo para irmos beber um café aproveitando para comer o chocolate.
qual não foi o meu espanto quando, já sentadas no café da frente, ao rasgar o papel da dita tablete me cai de lá dentro uma grande nota de 50 euros novinha em folha.

aviso geral com ps pessoal

aos meus queridos queixosos do tamanh0 da fonte, informo que já tentei proceder ao seu aumento mas que, no entanto, não tenho a certeza de o ter conseguido. digam de vossa justiça.

PS: F já estás no algarve? se sim, em qual dos ventos? e quando voltas para irmos ver o hou francês? acabo de postar aqui sobre o que vimos ontem e gostava de saber se a minha leitura tem alguma coisa a ver com a tua.

na praça

conversa num táxi prolongada na blogoesfera

três tempos, uma leitura

entre as personagens do filme “três tempos” - em chinês 最好的时光,isto é, o(s) melhor(es) tempo(s) - do realizador taiwanês Hou Hsiao-Hsien (侯孝贤 caracteres chineses que o pinyin transcreve como Hou Xiaoxian) fiquei presa a duas: taiwan e o cinema. são ambas construídas a partir de um fundo, simultaneamente individual e colectivo, nacional e internacional, de memórias fragmentadas manipuladas fragmentariamente.
'taiwan' é mostrado através da história da relação amorosa homem-mulher, uma relação humana cujo conteúdo-forma, dependendo das condições culturais, sociais e políticas do momento histórico, vai variando ao longo do tempo. o 'cinema' é contado através da evocação de uma linhagem de cineastas e de filmes, tanto do 'eu' como dos 'outros'.
na relação, claramente amorosa, entre estas duas personagens, taiwan representa o feminino: é o território desejado/ameaçado pelo comunismo chinês, pelo colonialismo japonês, pela tecnologismo internacional; é a ilha cuja beleza natural e incerteza cultural, constitui objecto da sedução profissional (no bilhar, no bordel, na discoteca). já o cinema está do lado do masculino, aparecendo como um agente da salvação (im)possível: pelo amor (procurado pelo soldado), pela liberdade (reivindicada pelo republicano), pela juventude (praticada pelo fotógrafo); o masculino é sobretudo o sujeito do olhar que, ao fotografar/filmar as suaso memórias individuais reinventa a memória colectiva necessária à construção de uma identidade nacional.
nenhuma destas personagens (tal como de resto os seus personificadores) é do tipo universal ou essencial: nelo contrário, elas são construídos como um processo em aberto, o resultado, sempre provisório, dos momentos históricos e das condições socio-culturais particulares em que vivem. é por essa especificidade própria que ambos se distinguem: o país taiwan face a outros países que também são ilhas, onde também se falam várias línguas chinesas, ou que também foram colonizados; o cinema de hou, face à sua própria história, face aos outros cineastas taiwaneses, chineses, internacionais e também face a outras formas de arte. taiwan não apaga as suas marcas japonesas (o nome da primeira rapariga do bilhar) como o cinema, apesar de tão falado (as muitas línguas que se ouvem no filme apesar de as personagens falarem tão pouco) não cala o seu silêncio inicial (tão eloquente no segundo tempo, o da liberdade). de resto as atmosferas dos três filmes que constituem este filme evocam atmosferas de filmes anteriores do autor: pelo 'tempo do amor', passa a memória de "os rapazes de fengui " (e também do ambiente do 'in the mood for love', do cineasta de hong kong, wang kar wei); no ‘tempo da liberdade’, respira-se a falta de ar característica de “as flores de shanghai”; e no ‘tempo da juventude’, a apatia da juventude desenvolve é a do “adeus sul adeus”.
para estas duas personagens, que sinto serem os grandes protagonistas do(s) filme(s) de hou, o presente aparece muito como a projecção, no futuro, de memórias do passado.
são pobres as 'histórias' dos três tempos, todas elas assentando em muito poucos e muito banais incidentes da vida diária. mas as imagens por que eles são narrados são de uma riqueza imensa. um luxo sumptuoso no que toca à luz, tanto quando inunda horizontalmente, através dos vidros das portas e janelas, como quando cai verticalmente de pequenas lâmpadas solitariamente suspensas dos tectos. também a 'pobreza' dos movimentos da câmara, quase sempre parada, contrasta com a riqueza da coreografia dos actores e figurantes num permanente movimento de entrada e saída de cena.

3.3.08

shu shu, ie ter nascido no ano do rato

o "observatório da china" divulgou a mensagem (em chinês e em português) que o presidente da câmara de lisboa enviou à comunidade chinesa residente em portugal por ocasião do ano novo chinês. como não consegui abrir a versão chinesa, que vinha em anexo, apenas li a portuguesa. nesta, encontrei, entre o que é da praxe dizer nestas ocasiões, duas ideias que me desconcertaram: (i) por que carga de água é que esta "importante efeméride" constitui "um grande êxito para a diáspora residente em Lisboa e no País"?; (ii) como raio é que o presidente costa conhece os "desígnios do Ano Lunar do Rato" a ponto de os considerar, e "indubitavelmente", no que diz ser a "génese de prosperidade, abundância económica e de liderança natural" da actual fase da história chinesa?


2.3.08

quem espera quem?


ou
o regresso a casa depois da viagem
a viagem antes da partida de casa
a casa depois da chegada da viagem
a partida de casa antes da viagem

ou
em casa
na viagem
à chegada e à partida

a despedida

descoberta recente


le mot: 阿訇

la chose: uma imã

e a pergunta necessária:
(colocada durante o seminário)

como explicar que tenha sido na china, from
all places, e no islão, from all religions, que esta
prática nasceu e se desenvolveu?

rebya keddar

just met...

rosava: pedido dois

o livro


a autora