o doente, muito magro e de pele bastate escura, vinha deitado no banco de trás do táxi que eu tinha mandado parar julgando-o vazio.
ah peço imensa desculpa, não percebi que vinha com gente, disse eu mal abri a porta de trás.
o passageiro soergueu-se um pouco, a custo evidente, ao mesmo mesmo tempo que tentava encolher as pernas como que a fazer lugar para mim no banco onde viajava enrolado num leve cobertor:
é difícil sabe porque sofro de incontinência urinária e sou lívido.
tinha uma voz doce e tranquila, talvez do cansaço do corpo engelhado, e os olhos enormes brilhavam-lhe como se ardesse em febre. imaginei-o a caminho do hospital enquanto voltava a pedir desculpa:
o senhor por amor de deus não se incomode, eu fico à espera que passe outro táxi.