4 years ago
5.4.08
5 de abril de 1986
a cerimónia foi curta e sem a presença do mar. usávamos ambos trajes de noite mas o sol baixo da manhã entrava pelas janelas da parte da frente da casa. não sei quantos anos se passaram mas acredito que passaram todos.
4.4.08
sem eu
não conheço esta mulher há muitos anos. nem sei mesmo se a conheço de facto. sei apenas que se trata de uma pessoa que foi progressivamente perdendo a memória de si própria. não é que não se lembre das diferentes pessoas que foi sendo ao longo da vida: ela não as esqueceu apenas se separou delas. conhece-as mas não se reconhece nelas. esquecida de si própria, esta mulher vive entre a nostalgia do que julga serem amigas há muito desaparecidas e a alegria do que sente ser uma vida cheia de novos encontros com mulheres desconhecidas.
3.4.08
beco, aliás batatinha doce II
- oh avó quero mais daquilo.
- qual aquilo?
- ali, aquilo...
- ah aquilo. então aquilo é man-tei-ga-de-a-men-do...
- beco!
- qual aquilo?
- ali, aquilo...
- ah aquilo. então aquilo é man-tei-ga-de-a-men-do...
- beco!
3 de abril de 1965
foi um dia fresco mas com sol. e muito mar naturalmente. os trajes foram de dia. passaram 43 anos. mas eu duvido que desses 43 anos passados, todos tenham efectivamente passado. senão como explicar a presença discreta, no presente, de muitos desses anos do passado? também pode ser que, e usando uma expressão da rosava, tanto eu como os anos nos estejamos apenas a passar ao mesmo tempo.
1.4.08
não há tragédia maior do que recordar os tempos felizes durante os momentos de infelicidade
encontro entre o imperador chinês e o enviado do tibete
pormenor: o enviado tibetano
pintura de yan liben (600-673), em cujo topo se pode ler bu nian tu (步辇图 ) isto é, 'a cadeira imperial'. nela se representa o amistoso encontro entre o imperador chinês taizong (sentado e rodeado por damas da corte) e um enviado especial do primeiro rei do tibete (em pé, vestido de encarnado e com as mãos em jeito de respeitosa saudação).
esta pintura, da colecção do museu da cidade proibida, faz-nos lembrar os tempos felizes: o casamento, em 641, entre o grande rei do tibete, songtsam gambo e a princesa chinesa wencheng.
de acordo com as histórias dos então dois países, gambo estava tão apaixonado por wencheng que até tinha mandado construir um palácio só para receber a sua nova rainha (tratava-se de um segundo casamento, o primeiro tendo ocorrido com uma outra vizinha, também princesa, mas essa do nepal). mais, teria sido mesmo a mulher chinesa a converter o marido tibetano ao budismo, a religião dominante na corte tang.
também em lhasa, no palácio potala, há uma estátua evocando este célebre casal real misto. se alguém tiver imagens, agradece-se a publicação.
pormenor: o enviado tibetano
pintura de yan liben (600-673), em cujo topo se pode ler bu nian tu (步辇图 ) isto é, 'a cadeira imperial'. nela se representa o amistoso encontro entre o imperador chinês taizong (sentado e rodeado por damas da corte) e um enviado especial do primeiro rei do tibete (em pé, vestido de encarnado e com as mãos em jeito de respeitosa saudação).
esta pintura, da colecção do museu da cidade proibida, faz-nos lembrar os tempos felizes: o casamento, em 641, entre o grande rei do tibete, songtsam gambo e a princesa chinesa wencheng.
de acordo com as histórias dos então dois países, gambo estava tão apaixonado por wencheng que até tinha mandado construir um palácio só para receber a sua nova rainha (tratava-se de um segundo casamento, o primeiro tendo ocorrido com uma outra vizinha, também princesa, mas essa do nepal). mais, teria sido mesmo a mulher chinesa a converter o marido tibetano ao budismo, a religião dominante na corte tang.
também em lhasa, no palácio potala, há uma estátua evocando este célebre casal real misto. se alguém tiver imagens, agradece-se a publicação.
31.3.08
avaliação dos alunos (para variar da dos professores)
no semestre passado, o processo da avaliação foi bastante divertido. depois de vários dias sem ter qualquer ideia para um enunciado de exame que, além de avaliar, pudesse também aprofundar e/ou sistematizar, os conhecimentos dos alunos (além, naturalmente, de os divertir no melhor sentido da palavra), houve uma noite em que se fez um clique - e se a realização do exame consistisse na produção do próprio exame? quanto mais pensava na ideia mais ela me entusiasmava: que melhor maneira para arrumar as ideias do que associá-las e classificá-las, no todo organizado e coerente que é necessário ter na cabeça, para se poder fazer perguntas sobre elas? que melhor forma para pôr o meu próprio programa, metodologia e avaliação a serem avaliados por quem me interessa realmente ser avaliada? e que melhor sondagem aos interesses reais dos alunos ao frequentarem aquele curso?
o resultado final, da minha parte, foi um enunciado particularmente curto e que rezava assim: "este exame consta de duas partes: na primeira deverá escrever um breve programa para a cadeira de XI, do qual constem os objectivos, a descrição, a metodologia e a avalição do curso; na segunda deverá escrever um enunciado de exame destinado a testar a aquisição, por parte dos alunos, dos conhecimentos adquiridos durante a realização desse mesmo curso".
do lado dos alunos, os resultados variaram: houve um rapaz que ao entregar-me o exame me confessou sair frustrado por não ter podido fazer o exame que tinha acabado de fazer; e houve uma rapariga que, na aula seguinte, me disse que o "meu método" tinha sido tão apreciado que até ia ser adoptado (pelos seus pais, ambos professores).
a apreciação do exame vai assentar, naturalmente, na resolução, durante a próxima aula, dos diferentes exames por parte dos seus autores: os próprios e os alheios. o que, espero, contribue para aliviar a frustração do jovem aluno que além de perguntar também tinha querido responder (às suas próprias perguntas).
o resultado final, da minha parte, foi um enunciado particularmente curto e que rezava assim: "este exame consta de duas partes: na primeira deverá escrever um breve programa para a cadeira de XI, do qual constem os objectivos, a descrição, a metodologia e a avalição do curso; na segunda deverá escrever um enunciado de exame destinado a testar a aquisição, por parte dos alunos, dos conhecimentos adquiridos durante a realização desse mesmo curso".
do lado dos alunos, os resultados variaram: houve um rapaz que ao entregar-me o exame me confessou sair frustrado por não ter podido fazer o exame que tinha acabado de fazer; e houve uma rapariga que, na aula seguinte, me disse que o "meu método" tinha sido tão apreciado que até ia ser adoptado (pelos seus pais, ambos professores).
a apreciação do exame vai assentar, naturalmente, na resolução, durante a próxima aula, dos diferentes exames por parte dos seus autores: os próprios e os alheios. o que, espero, contribue para aliviar a frustração do jovem aluno que além de perguntar também tinha querido responder (às suas próprias perguntas).
a minha amiga
é uma amiga que eu não mereço. toda a admiração que senti pela sua coragem, maturidade, inteligência e sentido de humor (ao ouvi-la ontem na rádio a falar sobre o seu blog, entretanto transformado em livro), não chegam para me soltar dos meus preconceitos. não consigo (o que é que isto quer dizer?) juntar o seu blog à lista dos blogs aqui ao lado - mais pelas imagens do que pelas palavras. como era minha firme intenção depois de me apaixonar por esta jovem cortesã. assim, opto pela solução menor, porque de compromisso, que é linkar sem linkar a esta amiga.
30.3.08
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