21.6.08

(大)琉球?

talvez... mas o que importa?

não é o país o mesmo - seja
ele chamado (da) qiuliu, taiwan,
formosa ou república da china?

again, what's in a name?

orange

20.6.08

o rapazinho que gosta de mexer em torneiras 2

estávamos os dois sentados a tomar o pequeno-almoço. a certa altura eu levantei-me para ir à cozinha. mal lá cheguei já o mamao me estava a chamar:
- avó!
- querido...
- eu não sou querido, sou mau-rí-cio.
o tom não foi de protesto nem a voz irritada. apenas uma chamada de atenção muito matter of fact.

o rapazinho que gosta de mexer em torneiras 1

pergunta o maomao ao ver a celebrada fotografia do casamento em edimburgo:
- oh avó quem é aquele avô?
depois de eu lhe pedir para olhar com mais atenção o par em causa, reconhece e nomeia a figura feminina mas permanece por momentos intrigado com a masculina. até que atira a despachar o assunto:
- é uma pinxêsa!
aumento então o tamanho o da fotografia para ele poder observar bem o avô-pinxêsa. o meu neto maomao, sem dar parte fraca, comenta com um grande sorriso:
- ah é uma xaia!

o desconcerto português e a arte chinesa da fuga

sempre que estou em portugal sinto saudades de ser estrangeira, um estado de inocência a que (não tenho a certeza se posso dizer "naturalmente") só consigo aceder quando vivo no estrangeiro.
o que mais me incomoda, neste país, não tem a ver com o país propriamente dito, mas com a "sua" língua. também não tem a ver com a língua portuguesa, propriamente dito, mas com a infeliz coincidência de ela ser, simultaneamente, a língua "nacional" e a minha língua "materna". o problema é apenas meu e reside no domínio absoluto dessa língua, uma capacidade linguística e cultural que não procurei e da qual não me consigo libertar de modo a poder, pelo menos de vez em quando, tomar algum recuo face ao mundo exterior.
esta inevitabilidade de entender o significado de tudo o que é dito à minha volta - na rua, na rádio, no café, na bicha da repartição pública, no cabeleireiro, na televisão - é a cruz que arrasto vai para oito anos. desde que voltei que nunca mais consegui descansar. perdi toda a capacidade de viver tranquila e silenciosamente comigo (em mim) própria neste espaço onde toda e qualquer frase ou palavra dita é sempre, não apenas ouvida mas entendida. como se tivesse passado a viver no meio de um imenso e generalizado concerto cuja arquitectura não fosse feita de sons mas de significados. um desconcerto, portanto. o Desconcerto.
tantas saudades tenho tido dessa liberdade perdida que esta noite sonhei que me tinha sentado na esplanada humanamente mais agitada e vocalmente mais barulhenta da cidade de cantão (a mesma onde há anos bebi, com o meu filho d., o melhor ba bao cha da minha vida) apenas para voltar a gozar a minha perdida capacidade de ligar e desligar alternadamente a função do entendimento. concentrando-me, percebia (mais ou menos que é a maneira ideal, até porque é a única, de perceber o que quer que seja) o que ouvia; desconcentrando-me, não percebia uma palavra do que ouvia. como dantes, o que me chegava à mente era uma relaxante algarviada (!) que não se sobrepunha nem desarticulava o meu discurso interior. antes pelo contrário, a sua qualidade levemente hipnótica favorecia-lhe o fluir, tornado-o mais solto, menos racionalizado.
no meu sonho não (ha)via grande diferença entre a névoa húmida que, envolvendo-me o corpo, me dava a oportunidade de olhar sem ver, da sonora confusão discursiva que, enchendo-me os ouvidos, me permitia ouvir sem entender.

18.6.08

milagre: religião ou ciência?

voltei a poder tirar fotografias com o iphone.
respigando os montes de comentários ao post d0 colega de infortúnio encontrei um, escrito por um japonês que tinha tido o mesmo problema e que contava como o tinha resolvido em apenas (sic) "three steps":

1)
install camera pro
2) take picture with camera pro
3) now iphone camera (normal app) works

colocou-se-me então a questão de saber o que era a camara pro. nada que o google não resolvesse. bastou-me escrever 'camara pro' que fui logo parar aqui.
e ali voltei a encontrar as instruções necessárias para colmatar a minha ignorância de base:

a) start installer on your iphone
b) press sources
c) then edit
d) then add
e) type http://tinyurl.com/3544mp

e pronto, logo a presença de um novo ícone (uma bruta máquina fotográfica) no meu iphone me comproviu o suecesso da instalação. clicando-o (ou clicando nele?) tive de escolher entre a versão livre e a comprada. escolhi a livre que, pelo menos é o que vem anunciado no site, oferece
digital zoom
black & white
image size
auto-orientation
auto-horizon fix
tudo funções que a câmara do iphone não tem. o que é que eu queria mais?

esta fotografia, a primeira tirada com o camara pro, aconteceu por acaso (mas garante a fiabilidade dos dados acima, isto é, quem repetir os passos acima descritos, não só ressuscita a câmara do seu iphone como adquire uma câmara melhor): ao abrir o programa carreguei sem querer num botão o que fez disparar a máquina registando o que tinha pela frente, no caso o écran do mac no qual o itunes, em modo de cover flow, mostrava a capa do disco do ligetti cuja música ouvia na altura.

what a wonderful new world!

17.6.08

being neither a fool nor an apostate, i'il report my i-phone problems

segundo desprazer do dia: o meu iphone deixou de tirar fotografias.
googlando o meu problema em busca de uma solução encontrei logo uma alma gémea tanto mais desesperada com questão quanto sem solução para ela.
numa punjente auto-crítica, este companheiro de infortúnio, tem contudo a lucidez necessária para reconhecer que os mac fans "are like maoists" ou, ainda nas suas palavras, "masters of cognitive dissonance: if an apple product delivers a less than satisfying experience, we assume the person reporting the problem is a fool. if not a fool, he or she must be an apostate".

ginástica

o mv comparou-me desfavoravelmente à tb por o meu super-ego ser muito maior que o dela. mais, na sua opinião, a tb seria mesmo a única mulher da vida dele praticamente sem super-ego (o que teoricamente me parece impossível mas não contestei).
apesar de não ser uma mulher da vida dele não deixava de me agradar ter um super-ego de dimensões mais reduzidas. talvez por isso aproveitei hoje o mais insignificante dos pretextos (na verdade quase nem tinha texto) para FALTAR ao centro de reflexão cristã onde tanto me diverte ir.
não serviu de nada claro está - a não ser para me sentir com culpa pelo aumento das dores nas pernas pois, como se sabe, a doença do super-ego não se manifesta pela dificuldade em transgredir mas pela impossibilidade de não se ressentir.
seja como for, a crítica do meu amigo, depois de ter sido food for thought acabou hoje em food for blog.

"mal" (e não "o mal")


"filme curioso mas mau",

nas palavras
ajuizadas
não sei de quem
lidas não sei onde,


de seixas santos.

para que conste

- era ele era. só que com mais cabelo e muito escuro. cara rapada com bigode.
- ah querias era um turco...