15.1.09

já faltaram anos agora só faltam dias

a pensar na c.ap.

sempre acalentei o desejo de fotografar o mundo na(s) formas e na(s) cores por que o vejo. formas fugidias e cores confusas, mais dependentes do grau de cansaço, ofuscação e tremura dos meus olhos do que da realidade do real. mas sei há muito tempo que não o poderei fazer já que toda a máquina fotográfica se arroga o direito de me dar, não o que vejo nem como o vejo, mas o que ela vê e como ela o vê. não deixa, no entanto, de me indignar esta coisa de uma máquina fotográfica não ser, como devia, um instrumento concebido para mostrar o resultado do olhar de quem olha, por seu intermédio, mas exactamente para o apagar.

14.1.09

a reacção depois da reacção

sempre achei divertida a prática corrente dos padres católicos que consiste em aconselhar casais, ou candidatos a tal, exemplo acabado de teoria pura, de saber sem experiência feita. achei portanto pilhas de graça ao conselho do padre maior da igreja católica portuguesa exortando (ontem no casino da figueira da foz ?) as meninas da sua igreja a não casarem com muçulmanos para não se meterem em em sarilhos (de cuja dimensão as pobres nem suspeitam). no entanto, a parte mais engraçada desta história, o que a pode mesmo vir a elevar à categoria de anedota nacional é a letra e o espírito da reacção da igreja (não decorei o nome deste reactor oficial mas ouvi-o no noticiário das 13 da antena 2) à reacção do que os meios de informação chamam de "comunidade muçulmana": não se tratou de nenhum comentário ofensivo para ninguém, foi apenas um conselho de prudência como faz uma mãe antes da sua filha se casar.
espero entusiasmada por novas reacções da igreja católica com a esperança de vir a descobrir, também, o que diz o pai ao filho antes de ele se casar.

13.1.09

palavra(s) para julia

tive muita pena que não estivesses comigo na culturgest, no domingo passado, para ouvires a palavra “martin luther king” cantada como a ouvi cantar, nesse concerto que ouvi tão pensando em ti.
a palavra era “martin luther king”, o nome de um homem cuja história e significado hás-de vir a aprender um dia. a peça tem o nome de "oh king", um título cuja carga alusiva hás-de vir a entender um dia. a cantora, que tão bem a cantou, chama-se alexandra moura e apresentou-se com o grupo “OrchestraUtopica” cuja música hás-de vir a ouvir um dia. o compositor desta peça, que é o segundo movimento de uma sinfonia, é luciano beri, um músico cuja revolução na música hás-de vir a conhecer um dia.
agora escrevendo estas palavras, para ti, pergunto-me se não virei ainda a ouvir-te, a ti, a cantar esta "cantiga" cuja letra é constituida por uma única palavra – martin luther king - um dia.

quote of the day

Silence is so accurate.
Rothko

12.1.09

liberdade condicionada

há uns meses atrás tive uma "iluminação": o tempo tinha-se transformado no espaço, um espaço no qual eu tanto vagueava em liberdade como repousava embalada pelo fluir das próprias coisas.
este predomínio do espaço sobre o tempo tanto me permite fazer a experiência, eufórica, do viver no presente, confortavelmente alheada da tragédia agostiniana (o tempo é o que corre do que ainda não é, através do que é sem extensão, em direcção ao que já não é) como ter a alucinação, disfórica, de habitar uma cidade que sem ruas, praças, becos, escadas, jardins, mais parece o mar ou o deserto, os espaços onde a ausência de marcos (im)possibilitam todos os percursos.
será que os compromissos, os horários, os prazos, as marcações, funcionam, para o tempo, como os arruamentos e os descampados funcionam para as cidades?

porta-banana

lavável, muito leve e feita num material plástico suficientemente duro para proteger a sua banana de qualquer contusão, este elegante e super prático estojo pode ser usado na mochila desportiva ou na carteira de cerimónia, independentemente do que a mulher lá tiver dentro, tal como na algibeira do casaco, ou do blazer, sem o perigo de o sujar já que, uma vez acondicionada no interior, a banana, mesmo que muito madura, não apresenta o perigo de se babar.

pequeno resto

há este homem, que depois da morte da mulher, a família mete num lar, e que se recusa a levar consigo tudo o que possui, até a sua própria roupa pessoal.
e hei eu que, sem o conhecer, lhe presto homenagem escrevendo este post à luz, belamente coada, do pequeno candeeiro de loiça, em forma de casa, que já o iluminou a ele.

11.1.09

hoje

primeiro as coisas começaram a fazer sentido,
depois o sentido começou a fazer as coisas.