9.2.10

uma cõ tradição viva

apesar de - e certamente devido ao meu horror por todas as formas de omnipotência - desgostar que os vivos se arroguem o direito de determinar o que “deve” acontecer, depois e em consequência da sua morte (da distribuição dos bens e dos males, * passando pelo tratamento e posterior descartamento dos restos mortais,** até ao planeamento e gestão da cerimónia fúnebre***) acontece-me sonhar com a maravilha que seria a minha despedida do mundo – oh diabo, isto é perspectiva de vivo, nesse momento será só o “mundo” a despedir-se de “mim” - se ela fosse celebrada ao som leve, fresco e borbulhante, absolutamente cristalino, das gargalhadas da minha neta mimi.

* no entanto agrada-me a ideia de deixar previamente pago o funeral.
** mas prefiro o processo lento da decomposição ao momento fulgurante da incineração. 
*** ainda que preferisse ser eu a única decoradora da minha última sala de visitas.