10.4.10

eu e tus: uma sincronia

para mim, como um dom, tinhas representado, no empedrado do pátio da d. ana, apenas com pedras pretas, um belo peixe estilizado,
a meu pedido, pensavas na resolução do buraco - através do qual se via o azul acima do céu mas que de facto conduzia ao imenso abismo branco abaixo - defeito de origem no novo estrado da cama de casal (onde eu dormia solteira) e pelo qual eu tanto temia pudesse cair uma neta nossa cujo pequeno corpo adorado, me escapasse dos braços com que o agarrava, enquanto ela dormia abraçada a mim,
era a mim que acusavas pelo actual desenho absurdo do largo, construído como tinha sido, por um operário a quem eu,

pela mesma ignorância de sempre mas nascida noutro lado, tinha dado carta branca,

era eu que te chamava a mim, por uma qualquer necessidade imperiosa de te confessar, ao mesmo tempo, a minha forte vontade de afastamento e o meu imenso desejo de aproximamento.