9.9.07

dia quatro

para quem sobreviu três dias inteiros, uma manhã não parecia ser coisa de vulto. em pé logo às 7 e meia, achei que poderia fugir com a minha couiouiou para o jardim, aí tomando ambas o pequeno-almoço, após o que ela poderia adormecer na cadeira e eu leria o jornal que entretanto tinha comprado. tudo correu como previsto só que, sendo o último dia, não a pus na cadeira mas adormecia, e deixei-a dormir, grande parte da manhã, bem enrolada numa écharpe quente, ao meu colo, em frente ao lado. três horas de felicidade perfeita, durante as quais o tempo fluiu ao ritmo do meu olhar sobre as coisas. uma atitude de aceitação e não questionação que, apesar de tudo, não impediu uma parte de mim de perguntar à outra que relevância teria na vida desta pessoa-criança o amor absoluto que sinto por ela.
chegadas a casa, ouvi o relato das coisas partidas e ou avariadas pelo f. e da boca do f. hoje tinha sido 'apenas' uma lâmpada económica que, naturalmente, ele não partira "de propósito" e pelo que me pedia desculpa. como também tinham sido sem querer (embora sem pedidos de desculpa) os paus das duas persianas, o fio do telefone, o parafuso da cama, os cactos partidos, etc). hei-de fzer a lista, só para memória futura. ou melhor tenho mesmo de a fazer para efeitos de contabilidade já que 'combinámos' que sempre que ele me estragasse algo que eu tivesse de substituir e/ou mandar arranjar, eu não lhe daria presente na festa seguinte (natal, anos).* é claro que terei de ser leniente senão arrisco-me a só lhe poder dar novo presente potr altura dos seu 21º aniversário.
foi depois a vez de os grandes serem literalmente expulsos de casa (de onde nunca querem sair) com a obrigatoriedade de subirem ao topo do jardim, correrem, jogarem à bola e fazerem, pelo menos um amigo (cujo nome e idade me tinham de dizer depois). só depois de feita alguma ginástica física e social, poderiam voltar aos écrans da tv e do computador. eu, para variar, inventaria e confeccionaria um almoço. o que não aconteceu pois o p. apareceu o que desencadeou a nossa conversa dominical, hoje alargada pelos meus queixumes sobre cansaço físico e mental.
dada a improvisão do almoço, ninguém gostou dele havendo bulhas sobre quem comia o resto da massa de ontem. nem a t. tolerou as ervilhas que tanta tinha gostado ontem, no seu segundo jantar. talvez a fome com que se levantaram da mesa, a par do sono com que se tinham levantado da cama (a par xd alguma ruindade dos donos) tenha estado na origem das discussões, pancada e choros que tanto animaram a última tarde em casa destes dias em casa da avó.
o lanche foi no entanto um sucesso. até porque, não tendo quase almoçado, tudo lhes serviu para enchedrem a barriga. ora, isso reflectiu-se no jantar, durante o qual pouco ou nada voltaram a comer.
mas, durante o jantar, chegou a mãe. e com ela se foram embora as minhas três visitas cuja média de idades é da ordem dos 4 a 5 anos. de um momento para o outro a casa, apesar de desmanchada, ficou imóvel e silenciosa. mas dentro da minha cabeça continua um barulho e uma agitação da qual não me livrarei tão cedo.

* agradeço a 'receita' ao jmv