6.6.07

o 'um' e o 'dois'

desculpem-me os que já não podem com as minhas chinesices mas não consigo nem quero resistir a mais esta comparação. há um viver da morte que é dominado pela unidimensionalidade do movimento - ele só se faz para cima: o cristo depois de ressuscitado ascendeu ao céu, para o céu sobe a alma do mortal para ele alcançar a imortalidade, e isto independentemente da forma como a vai viver (creio que o inferno, tal como o purgatório, tambem ficam lá para cima...) dir-me-ão que neste modelo, também se desce, nomeadamente quando o corpo desce à cova, à terra. é verdade, mas qual é o peso do corpo nesta visão do mundo? aqui o corpo não passa de um empecilho, de uma mortalha que se tem de deixar para trás, é o corpo do pecado, não é por ele que se alcança a graça. e há um viver da morte caracterizado pela dualidade do movimento - o para cima funciona em oposição complementar ao para baixo: das dez almas que, tradicionalmente, cada um de nós possui, sete são leves e etéreas, três são densas e pesadas. mal a pessoa morre, as primeiras imediatamente se elevam no ar e rapidamente se dissolvem no vazio do espaço, as últimas encetam uma lenta descida para a terra na qual, gradualmente se vão embrenhando até também acabarem por desaparecer nela misturadas. as que sobem são as hun e as que descem as po. ambas em pé de igualdade, nenhuma é de qualidade superior ou inferior à outra: a pessoa nasce, neste mundo faz mais sentido dizer 'toma forma', pela junção das hun com as po, e morre, isto é, 'perde a forma', aquando da sua separação.