5.6.07

debate mata combate


depois de ter visto o filme do joão dias, as "operações saal", a única coisa que não me apetecia era assistir ao debate que se lhe seguia: não queria, nem por sombras, adormecer depois de ter estado tão acordada. dir-me-ão que a maioria dos debatentes eram eles próprios personagens da gloriosa vigília que eu gostaria de prolongar pela noite dentro. pois eram, mas lá, no filme, pela mestria imensa do realizador, as suas operações mentais eram animadas (no sentido de oxigenadas) pelas operações vitais dos outros protagonistas (ausentes no debate) e, decerto, pela vitalidade própria deste grande filme. afinal, depois de ver o que é verdade, a quem apetece observar o que é mentira? quem discorda de prévert quando ele escreve que le monde mental/ment/monumentalment? após a experiência de ser, quem deseja não-ser? quem discorda do c. amaral dias quando ele diz que sou onde não penso, onde penso não sou? não sei quem teve a ideia de promover um debate depois de um combate mas ela parece-me tão abusiva como, se, logo após um fantástico/orgástico encontro amoroso, alguém se lembrasse de pedir aos participantes/amantes para se separarem, vestirem e aperaltarem para debaterem as importantes questões do sexo e do amor. é que depois de um combate, pode-se estar "pronto para outro" (uns mais que outros naturalmente, o que, como se prova, nada tem a ver com a idade) mas não se tem força nem desejo para um debate.