14.5.07

san sheng wanwu (ou 'meng mu')

o china daily anuncia hoje que no próximo dia 18 se celebrará, pela primeira vez, na china, o "dia da mãe". a data escolhida é a do nascimento da mãe de mêncio (filósofo do século IV ac), representada, na literatura clássica, como exemplo de devoção e amor maternais. a iniciativa é da "sociedade para a promoção da festa das mães chinesas", que, e de acordo com o jornal, é uma organização não governamental que tem o apoio de cerca de "100 intelectuais confucionistas e professores de ética". as flores a oferecer às mães devem ser os lírios (e não os cravos como, diz o jornal, é costume no ocidente) porque se trata de um dia da mãe "com características chinesas". o lírio era a flor que tradicionalmente as mães plantavam aquando da saída de casa dos filhos. o movimento, que considera esta iniciativa importante para "revitalizar a cultura tradicional da piedade filial", admite ser difícil a sua popularização na sociedade chinesa. daí que planeie enviar, nos próximos anos, panfletos em apoio da piedade filial a cerca de um milhão de estudantes. dos seus planos faz ainda parte a construção de um parque temático sobre a cultura da maternidade em zoucheng, o local onde a mãe de mêncio o terá dado à luz.

nota: porque não o dia do nascimento da mãe de confúcio, o primeiro sábio, nesta linhagem, em vez da mãe do número dois? avento duas hipóteses: como estratégia de afastamento do cristianismo, onde o 'dia da mãe' se confunde com o dia da mãe do deus; como estratégia de aproximação ao cristianismo, onde a figura maternal se sobrepõe à do casal parental (a virgem engravida do espírito santo, casa com josé e o pai do seu filho é deus; ora, mêncio, ao contrário de confúcio, que aparece na mitologia que o rodeia com um pai e uma mãe, é representado como filho, não sei se de mãe solteira mas, pelo menos, de mãe sozinha a braços com a difícil tarefa de educar, sem ajuda paternal, um filho rebelde.