vai para cinco minutos que o pobre luis filipe meneses perora sobre o seu partido, e sobre os seus críticos, sentado numa cadeira de cabeleireiro, todo revestido por grande penteador azul com motivos brancos, por detrás o lavatório com os shampoos, as mousses e os condicionadores, do lado esquerdo um homem que lhe cortar o cabelo, madeixa a madeixa e em baixo, um que lhe engraxa os sapatos. em frente mas fora da cena uma jornalista que lhe dá corda.
em certo momento, o entrevistado, entusiasmado a insistir no ridículo da posição dos seus críticos sobre o pagamento das quotas, convoca a experiência do barbeiro: "oh sr. não sei quantos diga lá como é que paga as quotas do benfica. não paga em dinheiro e não pode pagar as quotas até mesmo à entrada do jogo?" o barbeiro corrobora entaticamente a liberdade que o benfica lhe dá para pagar como e quando quiser as suas quotas. "está a ver, até no futebol..." acentua meneses de olhar radioso sob uma melena pingando água.
comecei por assistir envergonhada à forma, meio contente meio complacente, como ele ouvia uma patética conversa sobre a sua pessoa passada entre uma jornalista e uma mulher, que havia de ser a dele pois o descrevia como "muito meiguinho". mais tarde tive um sobressalto quando o pobre já sentado a uma secretária, responde à jornalista que vai "cortar o cabelo" (quando ela lhe pergunta o que vai fazer a seguir). mas depois, com ambos face à porta fechada do cabeleireiro, tinha descansado: "que alívio, ela não vai entra!"
4 years ago