11.7.07

condenados ao "eu"

disse-lhe que me parecia um absurdo criticar uma pessoa por ela se achar no centro do mundo. perguntei-lhe onde é que havia de ficar o centro do mundo, de cada pessoa, senão em si própria? sugeri-lhe que para mim o problema não era achar-me (n)o centro do mundo mas estar condenada a sê-lo/vivê-lo. dei-lhe o exemplo das "cinco direcções" - norte, sul, este e oeste só fazem sentido por referência a um ponto central, a quinta direcção. defendi ser importante levar-se a questão às suas últimas consequências, como tinham feito os chineses antigos: no centro do universo está a terra, no centro da terra está o império, no centro do império está a capital, no centro da capital está a corte, no centro da corte, está o trono, no centro do trono está o imperador, no centro do imperador está o coração-mente (do imperador). e concluí, sem no entanto o conseguir convencer, que a diferença entre uns e outros não está no sítio onde cada um se acha como se acha no único sítio onde se pode achar. na ilusão de que está sozinho ou ciente (por via do seu coração-mente, por que outro meio se poderá saber seja o que for?) que não se é o único a habitar ... o centro do mundo. nesta quinta dimensão, verdadeiro ponto virtual, devido às suas ínfimas dimensões, vivem, quais condenados ao inferno, todos os humanos dotados de um "eu".