depois de perguntar a várias pessoas onde é que 'nascia' a lua, a m. constatou que as respostas vinham geralmente acompanhadas por movimentos através dos quais o corpo parecia tentar situar-se no universo. na sua busca de 'desenhos' em construção, a m. convocou 50 amigos para, numa praia à beira da serra da arrábida, escolherem o ponto de onde pensavam poder ver surgir a lua (ontem cheia). na hora em que já não é dia mas também ainda não é noite, cada participante recebeu um olho (5º 'olho' da m.) cujo número de série registou, acompanhado do nome, num caderninho preto circulante (olho que fica à sua guarda até ao fecho do evento, no lux, em data a combinar). como por milagre, a lua começou a subir mesmo em frente do local onde eu tinha colocado a minha cadeira (atrás dum rochedo para me proteger do vento gelado). de enorme cículo transparente e translúcido depressa passou a grande bola rosada, para depois perder tamanho e mudar de cor (primeiro dourada e depois prateada). ao recortar o mundo com os meus três olhos (ou, dito de outra forma, com dois olhos e uma moldura) dei comigo na snba, onde tinha 8 anos e fechava a mão direita, a fazer um óculo que colocava em frente do olho direito em imitação do meu avô. da grande sala da barata salgueiro voltei à pequena praia da anicha onde, sem saber bem como, acabei sentada a uma mesa muito comprida, com gente de várias idades e línguas, partilhando uma honestíssima massada de peixe, vinho branco devidamente gelado e azeitonas bem temperadas. a ida e a vinda, ainda que em carros diferentes e com motoristas distintos, ficou marcada pela mesma jovem comissária/curadora.
4 years ago