3.5.08

chegar ou não chegar is not the question

reencaminhei a um amigo o link de um post, aqui publicado, porque a história que nele contava tinha a ver com a profissão dele. no assunto escrevi: "não resisto a mandar-te conversa", em vez de "não resisto a mandar-te esta conversa", como era minha intenção. o que, mesmo sem pontuação, fez do substantivo um verbo e ainda por cima no modo imperativo.
ontem recebi um email no qual ele me pedia desculpa pela demora (na 'conversa'), referia uma nabice natural que o impede de colocar comentários no blog, elogiava umas fotografias aqui publicadas (raramente oiço elogios sem achar que estou a ser gozada), dizia duas ou três coisas doces e simpáticas (mais provas que por aqui andou), e terminava com o seguinte voto: "espero que te chegue".
como quero sempre "mais" de algumas pessoas da minha vida, ri-me com o desabafo (que achei divertido porque adequado a essa minha insaciabilidade selectiva) e apressei-me a responder-lhe dizendo, a brincar mas muito a sério, que era claro que não chegava, que se nunca tinha chegado antes porque havia de chegar agora, que nunca chega, etc. e tal.
hoje novo email do meu amigo vociferando contra a língua portuguesa que me permite ler 'que te chegue' como 'que te baste' quando ele tinha escrito 'que te chegue' na acepção de 'que recebas'; e comentando que sabe de mim o suficiente para saber que eu "não me contentaria com tão pouco" (deduzo que seja ao email que ele se refere).
fui então reler a nossa troca de emails e percebi que (1) num deles deixei de fora uma palavra que devia estar lá dentro (o que forçou o pobre a ler-me para não ser indelicado); (2) no outro meti lá dentro um sentimento que estava de fora (o que o obrigou a justificar-se de um "pecado" não cometido). ESTOU ENVERGONHADA.