26.2.08

para a helena e para o diogo

com os quais tive ontem o gosto de rever a história de amor entre o imperador xuanzong (685-762) e a bela yang guifei, como ela foi (extraordinariamente) contada pelo misoguchi, outras duas representações, também japonesas, do mesmo tema.

sozinha numa pintura de hosoda eishi (1756-1829)
















com luo gongyuan, numa nuvem,
gravura de totoya hokkei (1780-1859)
aqui, o encontro no outro mundo não se passa com o imperador - como no filme (no qual ele acontece sem que o "vejamos") - mas com um seu enviado, luo gongyuan. reza a lenda que xuanzong , inconsolável pela morte da sua preciosa concubina (贵妃
guifei), encarregou o mestre daoista de entrar em contacto com ela, uma missão que este não terá deixado de cumprir.
(quem estiver interessado na vida e na lenda em torno deste intermediário entre o mundo dos com forma e o mundo dos sem forma, pode começar por ler o estudo que franciscus verellen publicou, "luo gongyuan: culte et légende d'un saint taoïste", no Journal Asiatique, 275, 1987: 283-332)

em março continuaremos a conversa que ontem encetámos sobre a noção de mandato do céu, ou melhor, sobre as questões que só (?) um cineasta japonês poderia levantar em torno do tianming (), um conceito político central na história da china sempre muito mal visto no japão. a verdade é que quanto mais penso no filme, mais acho que esse é o seu tema central, pese embora o peso que nele tem a figura de yang guifei, presente até no título.