2.2.09

parece mentira mas é verdade

hoje a minha hesitação das noites de segunda - não ver o programa da rtp1 pelo embaraço que me provoca a actuação, sempre tragicamente patética, da senhora que o anima (os contra) e vê-lo por não conseguir deixar de, pelo menos, ir espreitar o que lá se passa (os prós) - é quase dolorosa. a verdade é que daqui a muito pouco tempo a "animadora" do programa da rtp1, decerto com a ignorante e jovial displicência que a caracteriza, vai ouvir e fazer-nos ouvir (já decidi que não resisto a ouvir também) o que "pensa o país" sobre o chamado caso freeport. que "país" irá ser ouvido - os suspeitos, os não suspeitos, os suspeitadores, os investigadores, os publicadores, os procuradores? que "freeport" irá ser pensado - o que está em segredo de justiça ou o que está nas bocas do país? uau já começou...

cínicos têm razão: mais outra que "ele" não vai conseguir mudar

homejacking?

hijack ou highjack
-to steal (goods in transit, a truck and its contents, etc.) by force
-to steal by stopping a vehicle on the highway
-to commandeer (a flying airplane) especially by coercing the pilot at gunpoint
-to stop and steal from (a vehicle in transit)
-to kidnap
-to steal or rob as if by hijacking b: to subject to extortion or swindling
-To stop and rob (a vehicle in transit).
-To steal (goods) from a vehicle in transit.
-To seize control of (a moving vehicle) by use of force, especially in order to reach an alternate destination.
-To steal from as if by hijacking.
-To swindle or subject to extortion.
hijack law definition
To take over control of a vehicle or airplane by use of the threat of force.

(resultado de busca feita por mais de meia dúzia de dicionários (nos quais a palavra homejacking nem sequer aparece)

deduzo que o seu uso pela "nossa" polícia e pelos "nossos" juizes seja outro dos mui frutuosos resultados da sua recente colaboração com o gabinete das fraudes a sério, do RU (de onde, by the way, acabam de ser despedidos, por indecente e má figura, uma data de juristas).
ou então a reunião de emergência destinou-se a tratar apenas do assalto a roulotes e a outros tipo de caravanas, facto que o jornalista do dn se esqueceu de referir em mais uma despudorada tentativa para desacreditar a polícia e a justícia nas quais reside a garantia da nossa democracia.

1.2.09

autoridade e literacia

desde a primeira colecção, ainda só com quatro exemplares, que as escovas de dentes constituem um problema dificil de gerir. as dificuldades advêm da conjução de duas ambivalências: do próprio objecto - ferramenta de higiene individual e intrumento de brincadeira colectiva, e da dependência amorosa entre os sujeitos, marcada, sobretudo entre os bébés, pelo desejo incontornável de lavar os dentes do eu com a escova de dentes do outro. hoje a julia pensou, redigiou e publicou este regulamento no qual se determina a reprivatização das escovas de dentes, se estabelece, com carácter definitivo, a propriedade de cada exemplar, devidamente identificado pela sua cor e animal, e se nomeia a entidade de recurso em caso de conflito entre as partes.
apesar de ter dúvidas sobre a força da palavra escrita junto dos iletrados,
por sinal os mais desordeiros, promulguei e fotografei o diploma que assim
entrou aos 01/02/09
(a forma da data é uma boca para a mimas).

31.1.09

nem nozes nem dentes

não sei como lidar com a situação de ter "amigas" das quais, não sendo amiga, não quero ser amiga mas que, por razões para mim incompreensíveis, são muito minhas amigas assim me forçando a ser amiga delas. deve ser um problema meu pelo menos nunca ouvi ninguém queixar-se dele.

D. Carlos I

a cavidade da cave recolhia-nos no fundo do mundo. a largura da avenida, o molhado da noite, a cortina da árvore, a luz amarela da rua, reduziam o prédio da frente a um azul brilhante no vidro da janela. a mesa estreita e as cadeiras direitas facilitavam o irrecusável face a face; a incompreensível mistura das vozes das pessoas, que enchiam o café, era uma parede que nos encerrava no espaço da nossa própria conversa. acabou por ser só das nossas palavras que vinha a claridade especial com que nos víamos a nós e aos ajuizados fantasmas que tinham acedido à nossa convocação tardia.
P.S. não tenho a certeza se o encontro foi ontem, enquanto era, ou se é hoje ao pensar como foi.

29.1.09

Put it in a drawer. One day you may need it.

vinha a pensar no título do post que melhor representasse o meu estado de espírito esta manhã, depois de ouvir as notícias na telefonia (hesitando entre "a tranquila marcha para o caos" e "a lenta caminhada para o caos" pois não queria usar dois adjectivos) quando, ao passar os olhos pelos jornais, encontro este manual de sobrevivência para os urbanitas que sobreviverem ao apocalipse.

28.1.09

a consolação da filosofia

When she finished her lay, its soothing tones left me spellbound with my ears alert in my eagerness to listen. So a while afterwards I said, 'Greatest comforter of weary minds, how have you cheered me with your deep thoughts and sweet singing too! No more shall I doubt my power to meet the blows of Fortune. So far am I from terror at the remedies which you did lately tell me were sharper, that I am longing to hear them, and eagerly I beg you for them.'
Then said she,'I knew it when you laid hold upon my words in silent attention, and I was waiting for that frame of mind in you, or more truly, I brought it about in you. They that remain are indeed bitter to the tongue, but sweet to the inner man. But as you say you are eager to hear, how ardently you would be burning, if you knew whither I am attempting to lead you! '
Whither is that? ' I asked.
'To the true happiness, of which your soul too dreams; but your sight is taken up in imaginary views thereof, so that you cannot look upon itself.'

27.1.09

que "pena" vale quando vale a pena?

ontem, perguntada sobre blogs cuja leitura eu acho valer mesmo a "pena" ler, não me lembrei de quase nenhuns e, sobretudo, esqueci-me deste.
a mesma branca quando a questão virou para restaurantes de comida chinesa onde valesse realmente a "pena" ir jantar: não me lembrei do da pascoal de melo (blessing in disguise pois também não me lembrava que estávamos no primeiro dia do ano novo).
fomos então ao mar de nuvens (云海) onde não enrolámos, mas comemos, jiaozi (饺子) após o que comemos, depois de enrolar, beijing kaoya (北京烤鸭). e lichias para terminar.
o único empregado, um plácido homem de meia-idade sorridente, sempre que trazia um prato para a mesa, comentava, entre a ironia e a cumplicidade, que não era "verdadeiro" pois nada tinha a ver com o que se comia na china sob o mesmo nome.
e tinha razão naturalmente.
no entanto, achei que o jantar tinha claramente valido a "pena". por muitas razões entre as quais vale a "pena" sublinhar o facto de eu ter ficado a dever aos amigos, com quem inesperadamente celebrei o ano do búfalo, um verdadeiro cozido mongol na praça do chile. que tenho a certeza vale toda a "pena" eles experimentarem.

casamento por morte

"(...) vim solteiro e vou solteiro
vou livre de coração.
se alguém me quiser prender
já não vou dizer que não (...)"