16.5.08

elegia ortográfica

como lágrimas silenciosas, vêem-se já a cair, pela velha face sagrada da língua portuguesa, as consoantes mudas, principal marca identitária da sua elegimilenar ortografia. discretamente presentes na escrita desde os tempos remotos da própria fundação nacional (na verdade, sendo oriundas da oralidade, elas são mesmo anteriores à própria ortografia), têm sido estas discretas mas essenciais consoantes surdas-mudas a conferir à ortografia portuguesa a sua sonoridade musical própria. própria e sem qualquer paralelo nas ortografias das línguas humanas conhecidas.