8.5.08

antroponímia: recolha de dados

Hoje a entrevista decorreu na loja da família Ye. O filho, de 11 meses, tem como nome chinês 欧青 Ouqing (europa/ clara, sem-nuvens) e Gonçalo, como nome português. A filha, de três anos, chama-se, em chinês, 佳乐 Jiale (excelente/alegre), e Helena, em português.
Apesar de ambos terem nascido em Portugal (entenda-se na Europa, pois, como alguém já antes fez notar, os chineses são, sob vários aspectos, os primeiros, senão mesmo até agora os únicos cidadãos da UE), só o nome do rapaz comemora essa circunstância (tida pela família como muito relevante): o primeiro nome, 欧 Ou significa 'Europa'.
Interrogada sobre a razão por que o nome da filha, não contendo qualquer alusão à Europa, não funciona como voto familiar para que a portadora adopte e seja adoptada pelo espaço onde nasceu (e que a família classifica euforicamente como 'limpo, desanuviado'), a mãe responde que, tratando-se de uma rapariga, "lhe basta ser 'boa' e 'alegre'.
Despedi-me da família Ye a perguntar-me se de facto bastaria. E a desejar que a Helena Ye, além de, individualmente se tornar numa pessoa boa e alegre, apoiada pelo significado do nome chinês que usa, queira ir além dele, reivindicando a plena cidadania europeia e exigindo à Europa o seu reconhecimento, tanto de facto como de direito.