17.7.07

roundabout

depois desta penosa ausência só me apetece começar, como na infância,'querido diário', cá estou eu a escrever depois de...só que ao meu lado direito está um puto, muito ruivo, com não mais do que 6 anos, mini mãos teclando ajuizado um jogo, e do lado esquerdo um velhote de com um ouvido ao léu e outro coberto por um auscultador a recomendar a alguém que compre, compre se for boa compra. depois lá mais para o fim da fila, estamos todos voltados para a parede cinzenta, está um homem bastante interessante, uma mulher quase desinteressante e um outro tipo que por estar numa cadeira de braços (ao contrário de mim que estou num banco)se reclina tanto para trás que as costas da loura quase desinteressante o tapam praticamente por inteiro. numa palavra, não estou no século ix, não escrevo com caneta de tinta permanente, não posso mexer na folha em que escrevo, não estou escondida na ruína de lá de cima, em são joão. põe-se então a questão de saber onde estou e o que faço aqui. uma dúvida recorrente quando estou em lagos mas hoje levada ao seu ponto máximo por estar na praça d'armas, mesmo em frente da minha antiga escola, na web, na net, a surfar, a blogar, a downloadar, a postar, a uploadar, a emailar... a ilusão do eu é o ponto onde neste momento se misturam três séculos de escrita diarística: o romântico ix (o diário ideal), o moderno xx (o real profissional), o pós moderno xxi (a realidade do virtual)