17.7.07

fumadora pós moderna

pela minha experiência, de fumadora e de vida com fumadores, tomava por garantido que cada fumador fumava sempre a sua própria marca (português suave, malboro, gauloise, etc). até me lembro de por vezes ser mais simpático esta com a do que com b, pois a fumava o que eu fumava. afinal estava redondamente enganada. ao encontrar ontem a l. num restaurante notei que ela tinha na mesa, ao lado do copo de aguradente, um montinho com quatro maços de tabaco diferentes: sg gigante, malboro, gauloise e dunhill mentol. julgando que pertenciam a amigos temporariamente ausentes da mesa, nada comentei. no entanto, pouco tempo depois reparei que ela ora fumava de um maço ora fumava de outro, ora de outro e de outro, o que faziam com no topo da pilha estivesse sempre um maço diferente. estranhei que ela não tivesse uma marca própria. inteligentemente ela respondeu que tinha, tinha quatro marcas próprias. que distribuia ao longo do dia consoante o que estava a beber, com quem estava a conversar, a música que ouvia, o livro que lia. até, comentou, conforme a sua disposição física: se estou assim um pouco enjoada, fumo dunhill com mentol que me ajuda a acalmar o estômago. fiquei maravilhada com a pluralidade de identidades de fumo que caracterizam o fumador do mundo global.