5 years ago
14.11.10
11.11.10
conversas no escuro
sobre a diferente longevidade entre as várias espécies animais, a noite passada. das curtas borboletas, passando pelos humanos medianos, até às compridas tartarugas.
- é verdade que uma tartaruga pode viver trezentos anos?
- acho que sim...
- eu adorava ser tartaruga e a avó?
- só se tivesse a certeza de ser sempre assim incondicionalmente amada por esta menina-bebé, não respondi eu.
- é verdade que uma tartaruga pode viver trezentos anos?
- acho que sim...
- eu adorava ser tartaruga e a avó?
- só se tivesse a certeza de ser sempre assim incondicionalmente amada por esta menina-bebé, não respondi eu.
3.11.10
não parece lógico
que estar vivo seja, acima de tudo, lutar contra a morte.*
nem que haja, nas nossas vidas, tantos momentos em que estamos completamente mortos como aqueles em que estamos completamente vivos. isto apesar de, como li não seio onde e não sei quando, a maior parte do nosso tempo ser passada num estado intermédio, caracterizado por não estarmos completamente mortos nem completamente vivos.
* já ao contrário, a luta contra a vida, subjacente ao estar morto, me parece uma coisa menos esgotante
nem que haja, nas nossas vidas, tantos momentos em que estamos completamente mortos como aqueles em que estamos completamente vivos. isto apesar de, como li não seio onde e não sei quando, a maior parte do nosso tempo ser passada num estado intermédio, caracterizado por não estarmos completamente mortos nem completamente vivos.
* já ao contrário, a luta contra a vida, subjacente ao estar morto, me parece uma coisa menos esgotante
2.11.10
pontuação
ponto e vírgula, dois pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação... então e ponto de hesitação ... como marcar, na escrita, o modo que mais vezes está subjacente a qualquer afirmação, exclamação ou interrogação que possa fazer?
1.11.10
cerâmica
voltei a fazer um bule, coisa que fiz muitos há muitos anos. é bom retomar as velhas rotinas... nós vamos mudando, os bules não. *
* mini homenagem a um amigo
* mini homenagem a um amigo
31.10.10
o vento de lisboa
ao atravessar a infante santo, debaixo do vento e da chuva, voa-me o chapéu da cabeça. em vez de, utilitariamente, lhe seguir o percurso com vista à sua possível recuperação, os meus olhos dirigem-se, imediata e automaticamente, para o grupo de pessoas paradas mais à frente, à porta de um café, na aflição de descobrir se se estão a rir de mim.
só depois procuro com os olhos o chapéu mas, vendo-o já a chegar ao passeio do outro lado da rua, decido, por medo do ridículo que seria correr atrás dele, continuar o meu caminho como se nada se tivesse passado, como se o chapéu não fosse meu. apenas para realizar, quase em simultâneo, que mais ridículo do que correr atrás de um chapéu, que nos voa da cabeça, há-de ser a imagem de alguém, a quem, depois de um chapéu lhe voar da cabeça, continua o seu imperturbável caminho sem dar o mais ligeiro sinal externo de que o chapéu lhe voou da cabeça.
é nesse momento que os olhos dos jovens soldados e soldadas, que entretanto ficaram para trás, me queimam as costas sem piedade. mas resisto e não viro a cabeça na sua direcção.
a aparecida
atrasada na elaboração dos sonhos, aproveito este dia do senhor para pensar as senhoras, de todos os tamanhos, feitios, origens e disposições, com as quais tenho convivido, malgré moi mas for my sake, todas as noites desde que, há mais de uma semana a esta parte, encontrei essa outra parte, numa viagem, não sei se de ida e volta, manuseada por mapas estranhamente familiares, entre a vigília e o sono, de um progressivo levantamento, exacerbado pelo fechamento, até ao prolongado descimento a caminho de uma geografia próxima da anestesia.
estas as palavras ditadas pela senhora de corpo reduzido e cara grande, que, tal como as companheiras, entrava de gatas na sala cumprimentando me com voz triste. todas minhas conhecidas, embora umas mais do que as outras, todas reduzidas pela doença, a maioria movimentando-se a quatro, muito rentes ao chão, de si espalhando em redor um grande odor de sofrimento.
estas as palavras ditadas pela senhora de corpo reduzido e cara grande, que, tal como as companheiras, entrava de gatas na sala cumprimentando me com voz triste. todas minhas conhecidas, embora umas mais do que as outras, todas reduzidas pela doença, a maioria movimentando-se a quatro, muito rentes ao chão, de si espalhando em redor um grande odor de sofrimento.
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