entre
a belíssima leveza das cortinas soltas de delicada transparência, o seu suave
movimento - ao ritmo do qual entra e sai, com a brisa tão do sul, a respiração
da morte de uma época, isto é, o olhar nostálgico do homem que a/se percebe no seu
moribundo esplendor - e a pesada imobilidade das cortinas, cortinas que sendo as mesmas já são outras outras, de textura opaca, escuridão de veludo da cor do sangue velho, bem amarradas
à parede - que encerra a época, e o olhar que a olha, na casa - se passa este filme, polémico pelas mesmas razões do anterior (sempre
a tensão entre a estética e a política na origem da polemia) que vi, pela primeira vez, com uns olhos
esbugalhados onde ainda hoje dançam soltas as cortinas.
4 years ago