12.1.09

liberdade condicionada

há uns meses atrás tive uma "iluminação": o tempo tinha-se transformado no espaço, um espaço no qual eu tanto vagueava em liberdade como repousava embalada pelo fluir das próprias coisas.
este predomínio do espaço sobre o tempo tanto me permite fazer a experiência, eufórica, do viver no presente, confortavelmente alheada da tragédia agostiniana (o tempo é o que corre do que ainda não é, através do que é sem extensão, em direcção ao que já não é) como ter a alucinação, disfórica, de habitar uma cidade que sem ruas, praças, becos, escadas, jardins, mais parece o mar ou o deserto, os espaços onde a ausência de marcos (im)possibilitam todos os percursos.
será que os compromissos, os horários, os prazos, as marcações, funcionam, para o tempo, como os arruamentos e os descampados funcionam para as cidades?