25.11.07

auto-suficiência

ouvi, num programa de televisão, um professor de teologia norte-americano a condenar como 'herética' uma determinada 'igreja' dos eua (que igualmente se reivindica do deus cristão) por, na sua opinião, ela colocar no centro a pessoa humana e não a divindade como acontece(ria) no cristianismo. o que teve o mérito de me permitir equacionar, de um novo e mais produtivo ponto de vista, a 'diferença' entre as chamadas três religiões chinesas e a religião cristã. ou, dito de outro modo, porque é que, e pese embora algumas manifestações exteriores e interiores, elas não são religiões. pelo menos no sentido em que o termo é usado na tradição ocidental e na qual incluo, naturalmente, o judaísmo e o islamismo. não é isso evidente na ideia budista de que todas as dependências humanas são nocivas, inclusive a do próprio budismo? claro, não é por acaso que as ditas três religiões aparecem por vezes descritas como terapias. nem que o budismo tem sido teoricamente aproximado da psicanálise: não é o objectivo de toda a análise tornar o analisando no único analista de si próprio? sim, o budista deve matar o buda, como o analisando deve matar o analista e o filho matar o pai (ou for that matter, a filha a mãe) mas, entre o rebanho cristão, quem incitaria as ovelhas a matar o (bom) pastor?