9.10.08

JORNADA DE ACÇÃO

Pela regularização dos(as) indocumentados(as),
contra a onda xenófoba e contra o Pacto Sarkozy
domingo, 12 de Outubro, às 15h, no Martim Moniz

Cientes de que está criado um ambiente de perseguição aos imigrantes na Europa, e rejeitando as pressões racistas e xenófobas dos Governos de Sarkozy e Berlusconi, dezenas de organizações de imigrantes, de direitos humanos, anti-racistas, culturais, religiosas e sindicatos, convocaram para o próximo dia 12 de Outubro, domingo, pelas 15h, uma jornada de acção. A concentração está marcada para as 15h no Martim Moniz estando prevista uma Marcha até ao Terreiro do Paço, com a expressão da pluralidade de reivindicações deste vasto grupo de organizações, unidas por três lemas comuns: pela regularização de todos os indocumentados(as), contra a onda de xenofobia e contra o Pacto Sarkozy.

Nos dias 15 e 16 de Outubro, o Conselho Europeu reunirá os chefes de Estado e de governo dos 27 para ratificar o "PACTO EUROPEU sobre IMIGRAÇÃO e ASILO", aprovado no conselho de ministros realizado a 25 de Setembro. O Pacto proposto por Nicolas Sarkozy, no contexto da presidência francesa da União Europeia, visa definir as linhas gerais da UE nesta matéria e assenta em cinco pontos fundamentais: organizar a imigração legal, priorizando a adopção do "cartão azul", para recrutamento de mão-de-obra qualificada; facilitar os mecanismos e procedimentos de expulsão e estabelecer nesse sentido parcerias com países terceiros e de trânsito; concretizar uma política europeia de asilo; reforçar o controlo das fronteiras; proibir os processos de regularização colectiva.

Depois da aprovação da Directiva de Retorno, com o voto favorável do Governo português, estas medidas representam mais uma vergonha para a Europa. O tratamento securitário das migrações, a definição de critérios discriminatórios para acesso ao trabalho, o aprofundamento da criminalização da migração, da militarização e externalização das fronteiras através do FRONTEX e a perseguição dos(as) cerca de 8 milhões de indocumentados(as) que vivem e trabalham na Europa - a quem é oferecida a expulsão como única saída -, são medidas que visam consolidar uma Europa Fortaleza, da qual não podemos senão nos envergonhar.

Em Portugal, a recente onda de mediatização da criminalidade e as recentes declarações de responsáveis governamentais que trataram os(as) imigrantes como bodes expiatórios para o aumento da criminalidade, abrem espaço para as pressões xenófobas e racistas, e criam um ambiente propício para a desresponsabilização do Governo. Em causa está a necessidade de regularização de dezenas de milhares de imigrantes que defrontam sérias dificuldades em regularizar a sua situação.

São homens e mulheres que procuraram fugir à miséria, fome, insegurança, obrigados a abandonar os seus países como consequência do aquecimento global e outras mudanças climáticas, ou que muito simplesmente tentaram mudar de vida, mas a quem não foi reconhecido o direito a procurar melhores condições de vida. Tratam-se de pessoas que não encontraram outra opção senão o recurso à clandestinidade, muitas vezes vítimas de redes sem escrúpulos, e que se confrontam com uma lei que diz cinicamente que "cada caso é uma caso", fazendo da regra a excepção e recusando à generalidade dos(as) imigrantes o reconhecimento da sua dignidade humana. Destaque-se a situação dos imigrantes sem visto de entrada, a quem a lei recusa qualquer oportunidade de legalização.

Solidários(as) com a luta que se desenvolve na Europa e no mundo contra as politicas racistas e xenófobas, também por cá vamos lutar pela regularização de todos imigrantes, sem excepção, cada homem/mulher - um documento. É uma luta emergente contra as pretensões de expulsão dos(as) imigrantes, contra a vergonha de uma Itália que estabelece testes ADN como instrumento de perseguição dos ciganos(as), contra as rusgas selectivas, arbitrárias e estigmatizantes, contra a criminalização dos(as) imigrantes, contra a ofensiva das políticas securitárias e racistas, alimentadas pelo tratamento jornalístico distorcido feito por alguns meios de comunicação social. Cientes de que está criado um ambiente de perseguição aos imigrantes na Europa, e rejeitando as pressões racistas e xenófobas dos Governos de Sarkozy e Berlusconi, organizações de imigrantes, de direitos humanos, anti-racistas, culturais, religiosas e sindicatos, decidiram marcar para o próximo dia 12 de Outubro, domingo pelas 15h, no Martim Moniz, uma jornada de acção pela regularização dos indocumentados(as), contra a onda de xenofobia e contra o Pacto Sarkozy.

ORGANIZAÇÕES SIGNATÁRIAS: Acção Humanista Coop. e Des.; ACRP; ADECKO; AIPA – Ass. Imig. nos Açores; APODEC; Ass. Caboverdeana de Lisboa; Ass. Cubanos R.P.; Ass, Apoio ao Est.. Africano; Ass. Imigrantes Ucranianos – SOBOR; Ass. Juv. Laços de Rua; Ass. Lusofonia, Cult. e Cidadania; Ass. Moçambique Sempre; Ass. dos Naturais do Pelundo; Ass. dos Nepaleses; Ass. orginários Togoleses; Ass. R. da Guiné-Conacri; Ass. Olho Vivo; Ass. Recr. Melhoramentos de Talude; Ballet Pungu Andongo; CGTP-Intersindical; Casa do Brasil; Casa Grande do Brasil; Centro P. Arabe-Puular e Cultura Islâmica; Colect. Mumia Abu-Jamal; Comissão de Moradores do Bairro do Fim do Mundo; GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; Khapaz – Ass. de Jovens Afro-descendentes; Luta social; Núcleo do PT-Lisboa; Obra Católica Portuguesa de Migrações; Sindicato dos Professores da G.L.; Solidariedade Imigrante; SOS Racismo; UMAR.

8.10.08

"até negrejam" (memória de uma lacobringense de espiche)

- então não vês, é a diferença entre lagos e portimão...
- hmmm...
- olha que quando foi a inauguração do museu, no meio daquele imenso poder de gente que lá estava, tu não vias uma única cabeça loura!
eu bem queria explicar a "diferença" em termos nacionais - e ainda insisti na origem espanhola da família feo - mas o meu primo, que sobre o assunto percebe muito mais do que eu, manteve-se irredutível e nunca a deixou desviar do plano municipal.

lisboa

como havia de te ter encontrado se não fui à tua procura?

lagos: nicho

homenagem ao blog gaveta dos fundos

lagos: yin-yang

different perspectives

para lá, um abençoado ruído suspeito vindo dos dessous da viatura, tinha obrigado a condutora a "moderar" a velocidade - o que para ela significa qualquer coisa entre os 120 e os 140 quilómetros à hora.

para cá, o diagnóstico negativo do exame médico do márinho, o assistente do sr brito (cujo consultório fica paredes meias com o agora restaurado convento das freiras) permitiu à minha companheira de viagem e dona do carro (re)tomar o freio nos dentes e vir, à desfilada, do algarve até lisboa.

a certa altura, vá lá saber-se porquê, reduziu a velocidade e virou-se para mim sorrridente, sem reparar nos meus cabelos em pé nem na imensa palidez da minha cara: "olha-me bem para este carro, a 120 parece que vai a 60, até dá sono, não é?"

3.10.08

PERIGO


afastem-se deste filme,
de seu nome "sorvedouro",
que é das mais compridas
e pretenciosas chatices
que vi nos últimos anos.

a descoberta do dia


foi a existência de uma biblioteca pública,
onde se podem tirar fotocópias,
na cinemateca.

até encontrei um livro de que andava
à procura há bastante tempo.

nada mal.

fazer chichi

foi difícil entrar dada a altura descomunal da "camineta", novinha em folha, parada na praça de táxis do final da infante santo.
- mas isto é um táxi como os outros?
- tal e qual. só que leva mais bagagem lá atrás.
descansada com a resposta, mal o motorista arrancou, encolhi-me a um canto e fechei-me em mim própria não sem reparar que ele, apesar de serem oito da noite, trazia na cabeça um boné encarnado vivo.
já quase a chegarmos à estrela, oiço uns múrmurios lá frente.
- desculpe, está a falar comigo?
- foi um colega meu que esta manhã foi fazer chichi e o polícia multou-o em 25o euros.
- oh diacho... mas então...
- é assim, a lei não nos permite largar a viatura, pode-se sair mas tem de se ficar ao lado dela. o homem coitado estava parado ali na praça e precisou de fazer as suas necessidades. olhe que ele não levou mais do que cinco minutos, foi ir ao café em frente, fazer chichi e voltar para a viatura. pronto já estava multado.
- mas que lei essa. e então mas como é que os senhores resolvem essa questão?
- há ali uma curva em algés, que é muito fechada, e a gente costuma ir lá fazer chichi. eu até tenho uma história engraçada nesse sítio. uma vez estava lá a fazer chichi quando passou um carro da polícia. e agente que ia lá dentro gritou para mim "não se esqueça de puxar o autoclismo". lá está, tudo vai das pessoas, este era compreensivo.

viagem pelo corpo humano

começou no polegar, lentamente se insinuou pelo braço, e depois de se demorar no cotovelo, chegou ao ombro e instalou-se na nuca; onde permaneceu ora subindo para a cabeça toda, sem esquecer os ouvidos, ora descendo mesmo até à cintura.