13.7.08

insustentável leveza

desde que encetei a transcrição matinal dos sonhos nocturnos fico bastante frustrada quando ao acordar constato a ausência (ou o esquecimento) da actividade onírica. é que nunca como agora estive tão disponível para sonhar e tão entusiasmada para os guardar-trabalhar.
foi de resto quando deixei de ter medo de sonhar que deixei de ter insónias. agora vou todas as noites a correr para a cama excitada pela ideia de me pôr a jeito para o aparecimento dos sonhos. as noites passaram então a ser parecidas com os dias: no escuro morro-durmo para escrever o que sonhei, com a claridade acordo-vivo para escrever o que vivi.
nos dois casos, o mundo vai-me passando ao lado - o irão, as crises, externas e internas, o pacheco pereira, tudo vejo sinto ao longe, um pouco desfocado, até mesmo o medo de que a força centrífuga da realidade do real, o peso concreto da sua materialidade, me arraste para dentro da brutalidade do turbilhão.