17.9.08

um filme duas perplexidades

primeira
poderá alguma coisa ser boa demais? se sim, então este filme é bom demais. com isto não estou a sugerir que ele poderia ser melhor se fosse menos bom. creio que tal como um filme mau demais é sempre um mau filme, um filme bom demais é sempre um bom filme.
segunda
poderá desaparecer de vez a antiga distinção entre ficção e documentário? se sim, então este filme é o exemplo mais acabado desse novo género híbrido (tão do agrado dos novos cineastas chineses).
não se trata de negar a existência das suas "partes" mas de perceber como o filme está para além da distinção entre elas. mais do que justapostas, elas aparecem misturadas numa abordagem cinematográfica através da qual a subjectividade dos diferentes autores/actores aparece inscrita na própria objectividade do que eles filmam/representam.
por tudo isto me parece que as "duas histórias" do filme não cabem na tradicional (di)visão da história dentro da história: neste filme, a história que o filme conta é a história do filme que a conta.